Figura 1. Raio iónico.
Figura 1. Raio iónico.

O conceito de raio iónico foi desenvolvido independentemente, em 1920, pelo químico norte-americano Linus Pauling (1901-1994) e pelo químico suíço Victor Goldschmidt (1888-1947), para coligir dados cristalográficos gerados pela técnica de difração de raios-X. Esta técnica fornece o comprimento da unidade de célula de um cristal, porém não distingue a fronteira entre os iões que a compõem. Por exemplo, a célula unitária do cloreto de sódio (NaCl) tem um comprimento de 564 pm (figura 2) o que corresponde ao dobro do raio iónico de cada um dos iões:


\(2 \times [r_{\text{cati} \tilde{a} \text{o} } (\text{Na}^+) + r_{\text{ani} \tilde{a} \text{o}} (\text{Cl}^-) ] = 564 \text{ pm}\)


Figura 2. Representação esquemática da célula unitária do composto iónico cloreto de sódio (NaCl).
Figura 2. Representação esquemática da célula unitária do composto iónico cloreto de sódio (NaCl).

Por comparação de estruturas cristalográficas de vários compostos iónicos, Linus Pauling, atribuiu o valor de 140 pm ao ião O2-. Deste modo, conhecendo-se o raio de um dos iões, e, sabendo que a soma dos raios iónicos está relacionada com o comprimento da unidade de célula do cristal, pode calcular-se o valor do raio dos outros iões.


Figura 3. Tamanho do raio iónico e do raio atómico de alguns elementos na tabela periódica (unidade = pm). Os átomos (espécie neutra) são representados a cor cinza, os catiões e aniões são representados a vermelho e azul, respetivamente
Figura 3. Tamanho do raio iónico e do raio atómico de alguns elementos na tabela periódica (unidade = pm). Os átomos (espécie neutra) são representados a cor cinza, os catiões e aniões são representados a vermelho e azul, respetivamente. Adaptado de: Wikipédia

Em geral o raio iónico diminui com o aumento da carga positiva e aumenta com o aumento da carga negativa. Os catiões são sempre mais pequenos que o átomo, devido à diminuição da repulsão eletrão-eletrão. Os aniões são sempre maiores que o átomo, devido à introdução de mais um eletrão na camada de valência, o que provoca um aumento na repulsão eletrão-eletrão, traduzindo-se numa expansão da nuvem eletrónica. Para iões com carga igual, apresenta maior raio iónico aquele que tiver o maior número atómico. O raio iónico, de uma forma semelhante ao raio atómico, é uma propriedade periódica, que aumenta monotonamente ao longo de um grupo e diminui genericamente ao longo de um período. A figura 3 apresenta a variação do raio atómico e do raio iónico para alguns elementos da tabela periódica.