A tradução em linguagem matemática da lei de Charles resulta em V/T = k \(\rightarrow\) V \(\propto\) T, a pressão constante (k é uma constante; no caso de se tratar de um gás ideal, k = nR/p). Assim, pode-se estabelecer uma relação entre os valores iniciais de volume (Vi) e temperatura (Ti) de uma massa fixa de gás, a uma dada pressão, com os valores finais (Vf e Tf, respectivamente) após expansão ou contracção isobárica (pressão constante). Atendendo a que Vi/Ti = k = Vf/Tf, então:


\({V_i \over T_i}={V_f \over T_f}\ \Leftrightarrow\ {V_i \over V_f}={T_i \over T_f} \ \Leftrightarrow\ V_i\,T_f=V_f\,T_i\)


Este comportamento de expansão dos gases com o aumento da temperatura foi descoberto em 1787 por Jacques Charles, um matemático, inventor e balonista francês. Em rigor, os princípios que conduziram Charles a esta descoberta foram descritos um século antes pelo inventor de instrumentos científicos e físico francês Guillaume Amontons. A experiência de Charles consistiu no enchimento de 5 balões com igual volume de diferentes gases. Posteriormente, aumentou a temperatura de cada balão até 353 K (80 ºC) e constatou que todos eles tinham aumentado o seu volume em igual quantidade, o que induzia uma relação de proporcionalidade entre o volume e a temperatura dos gases estudados. No entanto, foi o químico e físico francês Joseph Louis Gay-Lussac quem, em 18021, publicou, pela primeira vez, a ocorrência deste fenómeno. Baseou-se no trabalho de Charles, a quem faz referência e atribui a autoria da descoberta, tendo descrito a relação matemática precisa entre as referidas variáveis e demonstrado que o conceito é aplicável a todos os gases. Por isso, esta relação tem vários nomes, nomeadamente Lei de Charles, Lei de Charles e Gay-Lussac e, mais raramente, Lei de Gay-Lussac, embora a designação mais comum aceite hoje pela comunidade científica seja Lei de Charles. A designação “Lei de Gay-Lussac” é, normalmente, utilizada para a relação entre outras propriedades dos gases (temperatura e pressão). A relação entre o volume e a temperatura absoluta de um gás, a pressão constante, permitiu a personalidades como Gay-Lussac e, principalmente, William Thomson, conhecido também como Lord Kelvin, estabelecer um valor mínimo absoluto de temperatura (0 K ou -273,15 ºC), o que deu origem a uma nova escala de temperatura: a escala de temperatura absoluta ou escala Kelvin.