O novo programa, iniciado em 2013, tem dado continuidade ao Deep Sea Drilling Project (1968-1983), ao Ocean Drilling Program (1985-2003) e ao Integrated Ocean Drilling Program(2003-2013), que estão entre os programas científicos mais produtivos já realizados (Passow et al., 2013). Estes programas têm permitido explorar a história e estrutura da Terra representada nos sedimentos e rochas sob o fundo do oceano.

Para além da ciência, a educação é uma componente essencial do IODP. Quando em 2009 tive a oportunidade de participar num dos programas educativos dinamizados pelo IODP a bordo do JR estava longe de imaginar o impacto que o mesmo teria na minha vida pessoal e profissional. Durante os 15 dias que durou a School of Rock 2009 tive a possibilidade de juntamente com outros professores de França, Japão e Estados Unidos da América aprender em primeira mão alguns aspetos da ciência por detrás do IODP (Pereira et al., 2010).

Figura 2. Alunos da Escola Secundária de Loulé a ver e ouvir as explicações da professora Marion Burgio durante a videoconferênciarealizada em janeiro de 2016 (Crédito: Hélder Pereira).

Dois anos mais tarde voltei a ter oportunidade de participar num outro programa educativo a bordo do JR, desta vez como Education Officer, durante a Expedição IODP 339 – Mediterranean Outflow. O trabalho do Education Officer é bastante diversificado e inclui atividades que vão da dinamização de um blogue na página oficial do navio http://goo.gl/8naW9, passando pela utilização das redes sociais (e.g. Facebook, Twitter), como meio de divulgar o trabalho realizado a bordo do navio. Um dos momentos altos do dia era a realização de videoconferências em direto com escolas, museus de ciência e universidades de várias partes do globo. Ao longo dos dois meses em que estive embarcado tive a oportunidade de dar duas aulas, via videoconferência, aos meus alunos a partir do navio. Durante as videoconferências os alunos puderam ver a torre de perfuração do navio, ouvir os sons e assistir em direto ao trabalho realizado a bordo do JR (Pereira, 2012).

Em todas as expedições IODP há educadores a bordo, pelo que desde então tenho continuado a organizar na minha escola videoconferências com os meus alunos. Durante estes eventos é possível explorar não só a ciência por detrás de cada expedição, mas também aspetos relacionados com as várias profissões das pessoas a bordo.

A mais recente destas ligações em direto com o JR teve IODP 360 – SW Indian Ridge Lower Crust and Moho. A nossa anfitriã foi a professora francesa Marion Burgio (Foto 2). Ao longo da visita fomos ainda acompanhados pelo cientista brasileiro Gustavo Viegas com quem, na parte final da videoconferência, os alunos tiveram a oportunidade de realizar uma sessão de perguntas e respostas.

Nesta altura o nosso leitor poderá pensar que estes eventos apenas podem ser organizados por antigos professores a bordo, mas engana-se, pois estão ao alcance de qualquer educador. Para isso basta aceder à página oficial do navio (http://goo.gl/KoJ35i) preencher um curto formulário e agendar uma videoconferência. Os primeiros a registar-se são os primeiros a ser atendidos. O vídeo disponível em http:// goo.gl/shuvOX ilustra bem como funcionam estes eventos. Em suma, considero que esta é uma boa forma de dar uma aula diferente permitindo que os alunos visitem um navio oceanográfico, que habitualmente surge nos livros de texto do ensino básico e secundário, e percebam como funciona a ciência.