Johann Wolfgang von Goethe (1790), foi um dos primeiros cientistas que interpretou os órgãos florais como se tratando de folhas modificadas. Desde então, com maiores ou menores complexidades, tem-se aceite a definição de flor como tratando-se de um curto caule que é portador de órgãos reprodutores (Coen and Meyerowitz, 1991; Theissen and Saedler 2001; Zahn et al., 2005; Feild et al. 2011).

Mas então como é constituída a flor? Qual a sua morfologia? Todas as flores apresentam a mesma constituição? Vejamos então o caso mais comum nas Angiospérmicas.

Como qualquer caule, também as flores apresentam nós (região onde se insere um ou mais ramos ou folhas) e entrenós (porção compreendida entre dois nós), sendo que, na flor, o espaço entre eles é diminuto.

Figura 1. Nós e entrenós de um caule.

Em cada nó deste caule especial podem ser observadas folhas modificadas e muito especializadas – os antófilos – que constituem verticilos (conjuntos de folhas à volta de um mesmo nó) e desempenham diferentes funções. O primeiro verticilo, de baixo para cima, é o designado cálice. Um cálice é constituído por sépalas, que normalmente se apresentam verdes e mais raramente castanhas. A função do cálice é proteger a flor ainda quando é uma gema e, por conseguinte, se encontra fechada. Os antófilos deste verticilo são fotossintetizantes.

Figura 2. Constituição de uma flor hermafrodita.

O verticilo seguinte é a corola. Constituído por pétalas geralmente coloridas atrai os polinizadores como insetos, pássaros, etc., e também fornecem proteção aos dois principais verticilos, quando na fase de gema. Cálice e Corola são designados coletivamente perianto.

Em algumas situações não é possível distinguir entre sépalas e pétalas porque ambos os elementos dos dois verticilos se apresentam coloridos. Nesse caso dá-se o nome de tépala a cada um dos elementos e designa-se o conjunto dos dois verticilos como perigónio.

Segue-se um verticilo especializado na reprodução. Trata-se da parte reprodutora masculina, o androceu, o qual é composto por estames. O estame, uma folha reprodutora masculina, é composto por uma parte vegetativa – o filete – que suporta no seu ápice uma antera, a qual produzirá em determinado momento os grãos de pólen, que serão os responsáveis pela transmissão dos gâmetas masculinos à próxima geração.

Por vezes neste verticilo é possível encontrar estruturas com aspeto de estames, outras vezes vistosas e petaloides, que correspondem muitas vezes a estames estéreis e que se designam estaminódios.

Por fim, encontra-se o verticilo correspondente às folhas reprodutoras femininas e ao qual se dá a designação coletiva de gineceu.

Figura 3. Androceu de uma flor.

As folhas modificadas do gineceu são os carpelos e um gineceu pode ser constituído por um único carpelo ou por vários (ligados ou não entre si). Na maioria das vezes, os carpelos apresentam-se ligados entre si formando uma estrutura morfologicamente diferenciada e composta por três regiões: o estigma que se apresenta na maioria das vezes coberto por papilas e outras estruturas e substâncias que ajudam à adesão do grão de pólen; o estilete que auxilia no desenvolvimento e condução do tubo polínico do grão de pólen, no interior do qual se encontram os gâmetas masculinos; o ovário, no interior do qual se encontram os óvulos, que contêm o gâmeta feminino. A esta estrutura composta pelas 3 regiões anteriormente referida, aplica-se a designação de pistilo.

Figura 4. O pistilo e sua composição.

É precisamente o gineceu (diferenciado em pistilo ou não) que é extraordinariamente importante já que, após a polinização e fecundação irá dar origem, após várias alterações, ao fruto. A fecundação, leva a que os óvulos se transformem nas sementes, contendo os embriões.

Temos estado obviamente a discutir a composição das flores hermafroditas típicas das Anigiospérmicas. No entanto, é de salientar que nem todas as Angiospérmicas exibem flores hermafroditas e, assim, surgem muitas vezes flores que só exibem um sexo, apresentando-se como masculinas (flores estaminadas) ou femininas (flores pistiladas), faltando os órgãos do outro sexo. Em algumas espécies, como por exemplo em Ilex aquifolium (azevinho) existem indíviduos que só apresentam flores masculinas e outros que apenas apresentam flores femininas (aqueles que normalmente apresentam as bagas vermelhas tão típicas desta espécie). Neste caso teremos árvores que apenas apresentam flores de um único sexo e assim, teremos indivíduos masculinos e indivíduos femininos dizendo-se que os indivíduos são unissexuados.

Quando uma espécie apresenta indivíduos que apenas exibem flores femininas e outros que apenas exibem flores masculinas, dizemos que a espécie é dióica. Quando ambos os tipos de flores (ou flores hermafroditas) estão presentes em todos os indivíduos, dizemos que se trata de uma espécie monóica. É de salientar que os termos monóico e dióico, apenas se aplicam a espécies e nunca a indivíduos como agora é moda referir.