Na Antiguidade, a interação eletrostática já era conhecida e foi observada quando vidro e âmbar friccionados com tecidos atraíam e repeliam pequenos corpos 1. No século XVII, atribuíu-se um nome a esta propriedade: "electricus" que significa "como o âmbar" - que deriva da palavra grega para âmbar: "elektron" - e que está na origem da palavra "eletricidade" 2. Verifica-se experimentalmente que o vidro atrai o que o âmbar repele, e vice-versa. Baseados nesta diferença, cientistas no século XVIII chamaram positiva à eletricidade do vidro e negativa à do âmbar 3. Esta foi uma convenção arbitrária.

As repulsões e atrações elétricas entre corpos devem-se à existência de forças entre eles, que são provocadas pela eletricidade dos corpos. A intensidade das interações é proporcional à quantidade de eletricidade que o corpo possiu, uma vez eletrizado. Para quantificar a quantidade de eletricidade, definiu-se o conceito de carga. A carga elétrica de qualquer objeto é definida por comparação com um corpo padrão cuja quantidade de carga elétrica tinha sido definida como unitária.


Para se determinar o valor de \(q_{teste}\), toma-se Q como carga de referência relativamente à qual se medem as forças provocadas pela carga de teste e pela carga unitária. O valor numérico da carga de teste é determinado a partir da seguinte igualdade: \(\frac{q_{teste}}{q_{unit}} = \frac{F_1}{F_2}\), em que \(F_1\) e \(F_2\) são os módulos das forças exercidas por Q em \(q_{teste}\) e \(q_{unit}\) respetivamente.

A nivel microscópico, a matéria é constituída por átomos que, por sua vez, possuem eletrões e um núcleo. O núcleo é constituido por protões e neutrões. Os eletrões e protões possuem carga elétrica e, num átomo, uma vez que o número dessas partículas é igual, a carga total é nula. Contudo, se existir um excesso de um tipo dessas partículas, o átomo apresenta carga total não-nula. A experiência mostra que os iões apresentam carga que é múltiplo inteiro de uma quantidade elementar, designada por carga elementar e. Por convenção, a carga de um protão é igual a +e, enquanto que a de um eletrão é -e. A natureza quantificada da carga elétrica foi evidenciada experimentalmente por Faraday nos seus estudos sobre a eletrólise 4, e posteriormente confirmada pela experiência da gota de óleo de Millikan 5.

Na matéria eletricamente neutra, o número de protões e de eletrões é igual. Contudo, é possível eletrificar a matéria. Um sólido pode ser eletrizado utilizando processos que permitam introduzir ou retirar eletrões dos seus átomos. Esses processos são a fricção, o contacto e a indução.

A experiência mostra que num sistema fechado, a carga total conserva-se. Assim, em qualquer processo de eletrização, se um corpo adquire uma quantidade de carga, o outro adquire uma quantidade de carga simétrica. A conservação da carga verifica-se em todas as reações químicas e nucleares, assim como nos processos de criação ou aniquilação de pares.

No Sistema Internacional de Unidades (SI), a carga exprime-se em coulomb (abreviatura C), e equivale aproximadamente a \(6.241509647 \times 10^{18}\) e [6]. Contudo, a unidade SI de carga não é uma grandeza de base, e o coulomb é definido à custa de duas grandezas fundamentais: a intensidade de corrente e o tempo: 1 C é a quantidade de carga elétrica transportada por uma corrente elétrica estacionária de intensidade 1 A durante 1 s.