Visitei a Biblioteca Nacional de Singapura com o Nuno em agosto de 2013. O edifício icónico de 16 andares, foi desenhado pelo arquiteto Malaio Ken Yeang com uma preocupação de sustentabilidade ambiental. Entrámos para uma enorme Plaza ao nível da rua, fugindo do calor húmido sufocante que envolve Singapura nas suas quatro estações: Verão, Verão, Verão e Verão. Enquanto eu gozava o alívio proporcionado pela frescura da Plaza, reparei no Nuno, numa posição estranha, torcido como uma hélice, a apontar a câmara para o topo do edifício. Ele vira o que eu não vi!


João Lopes dos Santos
Universidade do Porto



De tons originais esverdeados, a fotografia a preto e branco realça aspetos como a reflexão da luz, o contraste entre o claro e o escuro, a textura entre a zona espelhada, completamente plana, e as paredes laterais com elementos mais ou menos salientes. As linhas perfeitas na zona espelhada guiam o olho para um infinito que realmente não existe. A este efeito acresce um sentido de horizontalidade da estrutura, quando, efetivamente, a fotografia foi obtida na vertical, de baixo para cima. Assim, o olhar foge para a parte mais longínqua da imagem, para algo que sugere uma janela quando, efetivamente, é uma abóboda envidraçada de geometria plana. As aberturas laterais deixam entrar imagens adicionais, vistas em reflexão, de um exterior que se pode imaginar mas que é, ao mesmo tempo, misterioso e inatingível.


Nuno Peres
Universidade do Minho