Lipoproteína
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- Faculdade de Ciencias da Universidade de Lisboa
Referência Farinha, C.M., (2014) Lipoproteína, Rev. Ciência Elem., V2(3):230
DOI http://doi.org/10.24927/rce2014.230
Palavras-chave Lipoproteína; colesterol; sangue; proteínas; lípidos;
Resumo
Lipoproteína é o termo usado para designar a associação não covalente de proteínas e lípidos que serve para o transporte de lípidos na corrente sanguínea. Consistem essencialmente em gotas de triacilgliceróis e ésteres de colesterol revestidos com uma monocamada de fosfolípidos, colesterol e apolipoproteínas (a componente proteica).
As lipoproteínas dividem-se em quatro grupos principais, por ordem crescente densidade: quilomicron (plural: quilomicra), VLDL (do inglês very low density lipoprotein), LDL (do inglês low density lipoprotein), HDL (do inglês high density lipoprotein).
As quilomicra e as VLDL transportam os triacilgliceróis e o colesterol desde o intestino e fígado até aos restantes tecidos – nos capilares, a ação do enzima lipoproteína lipase permite a absorção dos lípidos nos diferentes tecidos.
As HDL transportam o colesterol desde os diferentes tecidos até ao fígado.
As LDL são o grupo com maior conteúdo em colesterol e asseguram essencialmente o transporte deste lípido na corrente sanguínea. Estas partículas entram nas células por endocitose mediada por recetores específicos (LDLR). Este processo está afetado em indíviduos com hipercolesterolémia familiar, nos quais o recetor LDLR não é funcional.
Embora de acordo com a IUPAC e na literatura científica em geral, o termo lipoproteína se refira à associação não covalente entre lípidos e proteínas, surge por vezes a designar um outro grupo de moléculas biológicas, mais corretamente designadas por “proteínas com âncoras lipídicas” – porque a modificação lipídica é em regra responsável pela associação da proteína a uma membrana biológica. Neste caso, existe uma ligação covalente entre uma componente proteica (a apoproteína) e um grupo de natureza lipídica.
Os grupos de natureza lipídica que funcionam como âncoras incluem: - glicosilfosfatidilinositol (GPI): a ligação ocorre em regra na região C-terminal da proteína e forma-se no lúmen do RE. As proteínas com âncora GPI são proteínas da membrana plasmática, que podem ser facilmente libertadas no meio extracelular. - grupo palmitoílo, em regra ligados a resíduos de cisteína (ou serina); - grupo N-miristoílo, em regra ligados a resíduos de glicina na extremidade N-terminal da proteína; - grupo farnesilo (ou geranilgeranilo), em regra ligados a resíduos de cisteína na extremidade C-terminal da proteína.
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