Pode ser considerada como a sobreposição da força devida ao campo elétrico e da força devida ao campo magnético. Matematicamente, a força de Lorentz é dada pela expressão:



Força elétrica
A força exercida por um campo elétrico numa carga pontual q é proporcional à carga e ao campo na posição ocupada pela carga, e tem a direção deste:



No caso mais simples, o da força entre duas cargas pontuais q1 e q2 em repouso, a força elétrica entre elas é dada pela força de Coulomb:



Em que \(\overrightarrow{r}\)12 é o vetor com origem na carga q1 e extremidade na carga q2, e ê12 é um vetor unitário com a direção e sentido de \(\overrightarrow{r}\)12. A constante ε0 é a permitividade elétrica do vazio, e tem o valor ε0 = 8.854 187 817... x 10-12 A2 s4 kg—1 m—31.

Se as cargas tiverem o mesmo sinal, esta força é repulsiva, e se tiverem sinais opostos é atrativa. Note-se que a descrição matemática da força de Coulomb é formalmente semelhante à da força gravítica de Newton. No entanto, a origem do fenómeno eletrostático é diferente da do fenómeno gravitacional.

Mais geralmente, o campo elétrico poderá tomar outra forma, dependendo da distribuição de cargas que cria o campo elétrico onde a carga q se encontra. Alguns exemplos encontram-se no artigo Campo elétrico.


Força Magnética
A força exercida por um campo magnético sobre uma carga pontual q, animada com velocidade \(\overrightarrow{v}\), é proporcional à carga, ao campo magnético, e à velocidade da carga. A direção da força magnética é perpendicular ao plano definido pelo campo magnético e pela velocidade da carga, e é dada pela expressão:



Uma consequência imediata da força magnética ser perpendicular à velocidade é que esta força não realiza trabalho; contudo, a força magnética altera a direção da velocidade da partícula. Note-se que, contrariamente à força de Coulomb, a força magnética não é central.

Há duas situações limite de interesse. Uma delas corresponde à situação em que a velocidade da partícula tem a mesma direção do campo magnético. Nesta situação, a força magnética é nula e, se a partícula estiver livre de outras forças, o seu movimento será retilíneo e uniforme.

A outra situação corresponde ao caso em que a velocidade da partícula é perpendicular ao campo magnético.

Suponhamos, então, a situação em que uma partícula não relativista (v << c), de massa m, carga q e velocidade \(\overrightarrow{v}\) = (v,0,0) entra numa região onde existe um campo magnético uniforme e estacionário \(\overrightarrow{B}\) = (0,0,B). A força magnética que atua na partícula dá origem a uma aceleração, que se determina através da segunda lei de Newton:



A partícula terá então uma aceleração, cujo valor é



e direção sempre perpendicular à velocidade. neste caso, a partícula terá movimento circular e uniforme. O raio da trajetória é dado por:



Este raio é chamado o raio ciclotrónico, de Larmor, ou gyroradius. A frequência do movimento, frequência ciclotrónica, é:



e é independente da velocidade inicial da partícula.

Podemos ver desta análise que:

  1. Se tivermos uma amostra de partículas todas com a mesma velocidade e carga, e as fizermos passar numa zona onde existe um campo magnético uniforme, o raio da trajetória de cada uma depende unicamente da sua massa. Este facto é a base do funcionamento de um Espectrómetro de Massa.
  2. É possível determinar a velocidade de uma partícula de massa e carga conhecidas, medindo apenas o raio da trajetória.
  3. Sabendo a direção do campo magnético a que a partícula está sujeita, é possível determinar o sinal da sua carga observando a sua trajetória, pois partículas com carga de sinais opostos irão curvar em sentidos opostos.

Movimento helicoidal
No caso de a velocidade da partícula ter uma componente paralela e outra perpendicular ao campo, o seu movimento será uma sobreposição de um movimento circular uniforme com um movimento retilíneo uniforme, e a trajetória resultante é helicoidal, como ilustrado na figura. A componente da velocidade paralela ao campo não é alterada por este, enquanto que a perpendicular ao plano irá sofrer uma força centrípeta que irá curvar a trajetória fazendo a partícula descrever um círculo no plano perpendicular a \(\overrightarrow{B}\).


Figura 1. trajetória de uma partícula num campo magnético uniforme vertical, com
            velocidade inicial não perpendicular ao campo.
Figura 1. trajetória de uma partícula num campo magnético uniforme vertical, com velocidade inicial não perpendicular ao campo.

Sobreposição
Uma carga pontual em movimento numa região do espaço onde estão definidos simultaneamente um campo elétrico e um campo magnético, fica sujeita à força:



em situações não-relativistas, a razão entre as intensidades das forças magnética (\(\overrightarrow{F}\)m) e elétrica (\(\overrightarrow{F}\)e) é:



em que c é a velocidade da luz no vazio. Assim, para velocidades não-relativistas, temos que o valor da força magnética é inferior ao da força elétrica. Esta desigualdade não implica que se deva desprezar a força magnética em relação à força elétrica em qualquer situação.


Figura 2. trajetória no plano xOy de uma partícula numa região com campo magnético
            uniforme vertical e campo elétrico uniforme na direção e sentido da velocidade inicial da partícula, que é também
            perpendicular a B.
Figura 2. trajetória no plano xOy de uma partícula numa região com campo magnético uniforme vertical e campo elétrico uniforme na direção e sentido da velocidade inicial da partícula, que é também perpendicular a B.