Ao longo de todo o seu processo de crescimento promoveu-se sempre o fluxo bidirecional do conhecimento de e para a Casa, pautado constantemente pelo rigor científico da revisão por pares a que os materiais são sujeitos e que garante a sua qualidade final. Não podemos deixar de agradecer a todos os que, até agora, resolveram dar os seus generosos contributos para a construção da Casa, quer como autores, revisores ou consultores, sem os quais seria impossível ter atingido os níveis de excelência qualitativos e quantitativos – a título de ilustração, os valores acumulados desde a génese da Casa das Ciências até Maio de 2015 revelam uma atividade surpreendente: cerca de 9 milhões de acessos, 15 mil membros registados, 2250 materiais publicados, 1800 imagens e 18 mil carregamentos da Revista de Ciência Elementar. Portanto, é legítimo o nosso desejo de dar continuidade à expansão deste projeto apesar do futuro incerto criado pelo fim anunciado do mecenato original. A procura de novas fontes de financiamento sustentável para a Casa tem sido a prioridade da sua Coordenação no último ano. Estamos conscientes de que a tarefa é árdua mas, com a mesma determinação de Duarte de Almeida, seguraremos o estandarte da Casa até ao limite do impossível. Permitam-me, por isso, retomar neste Editorial o assunto do auxílio financeiro voluntário, crowdfunding, abordado no número anterior. Esta foi uma solução de recurso encontrada pela ausência de outra fonte de financiamento e dada a urgência de manter a excelente equipa técnica que cuida diariamente dos alicerces da Casa. Com o crescente número de membros, esta poderia até ser a fórmula ideal para a continuação do projeto cuja qualidade do serviço prestado à comunidade educativa justificaria bem uma quota anual. Porém, apesar de discutível do ponto de vista de princípio, vamos continuar a procurar alternativas que consigam manter o estatuto de SCUT que sempre proporcionámos ao utilizador. Muitos frequentadores da nossa Casa foram sensíveis ao momento difícil que atravessamos e resolveram aderir de imediato ao crowdfunding. Contudo, no sentido de tornar a mensagem mais eficaz, renovamos aqui o apelo uma vez que o valor até agora apurado está ainda muito aquém do que esperávamos face ao número de frequentadores da Casa das Ciências que efetivamente usufruem dos seus serviços.


A Revista de Ciência Elementar é uma faceta relativamente recente do Projeto de que muito nos orgulhamos e cuja qualidade assenta na seleção criteriosa e diversificada das contribuições, a começar logo pelas fascinantes imagens da capa. Neste número, temos uma fotografia esteticamente muito bem conseguida de um Feixe Vascular Colateral Aberto da autoria de José Pissara. Destacam-se ainda o artigo de opinião de Manuel Silva Pinto sobre a importância da imagem e ilustração em Ciência, uma entrevista bemhumorada com David Marçal sobre alguns aspetos da Ciência e sua divulgação, uma contribuição sempre interessante de Carlos Corrêa sobre orbitais atómicas híbridas em compostos de carbono e, por fim, a partir da página 23, uma boa seleção de pequenos apontamentos sobre conceitos de ciência elementar.

Caros leitores, editamos este número da Revista de Ciência Elementar como se fosse o último. Esperamos que usufruam.

Um abraço,

Alexandre Lopes Magalhães
Coordenador do projeto
Casa das Ciências