Ciclo de Vida de uma Angiospérmica
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- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Referência Moreira, C., (2015) Ciclo de Vida de uma Angiospérmica, Rev. Ciência Elem., V3(1):054
DOI http://doi.org/10.24927/rce2015.054
Palavras-chave angiospérmica, gimnospérmica; semente; haplóide; diplóide; meiose; mitose; fecundação; gametófito; esporófito;
Resumo
As angiospérmicas pertencem ao grupo das plantas que produzem sementes, e cujos órgãos reprodutores são flores (espermatófitas). Diferem das gimnospérmicas (plantas que também produzem sementes) por possuírem flores, endosperma nas sementes e produzirem frutos com sementes.
Órgãos masculinos
Os órgãos masculinos da plantas são os estames – microsporófilo. Nas anteras jovens existem quatro saco polínicos, e no interior de cada um deles formam-se células mães de grãos de pólen (células diploides 2n). Durante a maturação as células mães de pólen sofrem uma meiose e cada uma dá origem a quatro micrósporos (haploides n), que sofrem uma mitose para dar origem aos grãos de pólen. O grão de pólen é o gametófito masculino das angiospérmicas.
Os grãos de pólen possuem uma parede externa espessa e quimicamente resistente – a exina – e uma interna – a intina – mais fina e de origem celulósica, que envolvem a membrana citoplásmatica. O núcleo do grão de pólen divide-se por mitose originando duas células haploides, uma maior, a célula vegetativa e uma menor, a célula generativa, que após citocinese se individualiza no interior da célula vegetativa e dependendo da espécie, a célula germinativa, antes ou depois da germinação do grão de pólen, divide-se novamente por mitose para dar origem a duas células espermáticas, os gâmetas masculinos das angiospérmicas.
Durante a maturação da antera, as células da assentada nutritiva ou tapete (tecido de transferência de nutrientes) (ver fig 3) são parcialmente reabsorvidas e os dois sacos polínicos unem-se formando uma única cavidade com grãos de pólen. As células da assentada mecânica ou tecido conectivo desidratam e provocam a abertura da antera com libertação dos grãos de pólen – deiscência da antera (Fig. 3, nº 5). A polinização pode ser zoomófila ou anemófila.
Órgãos femininos
Os órgãos sexuais femininos de uma flor são os carpelos, na base dos quais existe o ovário com óvulos. Ao conjunto dos carpelos dá-se o nome de pistilo. Na maioria das espécies, o óvulo está protegido por dois tegumentos e possui uma pequena abertura, o micrópilo, onde o tubo polínico irá entrar. O nucelo (macroporângio) é a camada de células responsável pela nutrição do óvulo durante o seu crescimento. A célula mãe do saco embrionário (célula mãe do macrosporo) que se encontra no interior do nucelo, por meiose origina quatro células haploides. Na maioria das espécies, três das células degeneram, e a que permanece, o macrósporo, sofre uma série de divisões mitóticas, que dão origem ao saco embrionário (Fig. 4). Os núcleos do saco embrionário distribuem-se da seguinte forma: dois núcleos – núcleos polares – na região central que se unem formando um núcleo diploide – o mesocisto; três migram para o pólo junto ao micropilo, sendo o central a oosfera (gâmeta feminino) e os dos extremos as sinergideas e os outros três, as antípodas migram para o pólo oposto. Após celularização, este conjunto de sete células resultantes da divisão do saco embrionário é o gametófito feminino e está incluso no óvulo, sendo totalmente dependente do esporófito.
A polinização e fecundação
Após a polinização os grãos de pólen que aderem ao estigma germinam formando um tubo polínico que cresce para dentro do estilete. Durante este período, em algumas espécies, a célula generativa do grão de pólen divide-se por mitose originando dois gâmetas masculinos – as células espermáticas e o núcleo vegetativo degenera. O tubo polínico é constituído por três células, a vegetativa e as duas células espermáticas. Em condições favoráveis, quando o saco embrionário germinado está desenvolvido e o tubo polínico atinge o micrópilo, ocorre um fenómeno de dupla fecundação:
- O tubo polínico rebenta, libertando as duas células espermáticas no interior do saco embrionário. Uma célula espermática fecunda a oosfera, originando o zigoto principal
- A outra célula espermática fecunda a célula central, originando um núcleo triploide (3n) denominado a célula mãe do albúmen ou célula mãe do endosperma secundário.
Após a fecundação, por mitoses sucessivas a células mãe do albúmen dá origem ao endosperma (ou albúmen secundário), um tecido de reserva. O zigoto divide-se e dá origem ao embrião, que interrompe o seu desenvolvimento e entra em estado de latência. Ao conjunto do embrião, endosperma secundário e tegumento dá-se o nome de semente, que germinará quando as condições forem favoráveis.
Resumos das principais características do ciclo de vida de uma angiospérmica:
- meiose pré-espórica - com alternância de gerações, o organismo é haplodiplonte
- a planta adulta é um esporófito
- heterosporia – os esporos são diferentes, microsporos que dão origem aos grãos de pólen e macrosporos dão origem aos sacos embrionários
- gametófito dependente do esporófito
- fecundação independente da água
- fecundação dupla: da oosfera e da célula central ou mesocisto
- embrião em latência e o endosperma rodeados por um tegumento endurecido, constituem a semente
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