Na mulher os ovários, órgãos reprodutores femininos internos, estão localizados na zona pélvica da cavidade abdominal, um de cada lado do útero. Estes órgãos de forma ovoide, encontram-se envolvidos por uma cápsula de tecido epitelial que envolve o parênquima ovárico. No parênquima ovárico é possível distinguir duas zonas: o córtex (ou zona cortical), uma camada mais superficial de tecido conjuntivo, com estruturas arredondadas, os folículos ováricos; e a medula (ou zona medular) mais interna, de tecido muscular liso e tecido conjuntivo, muito enervada e irrigada por vasos sanguíneos.

A oogénese ocorre em conjunto com a evolução dos folículos ováricos. Os dois fenómenos estão relacionados e serão explicados conjuntamente para facilitar a compreensão. No final serão apresentados esquemas que auxiliam a integração dos conceitos.

A oogénese compreende quatro fases: multiplicação, crescimento, repouso e maturação.

Fase de multiplicação: no córtex ovárico, as células germinativas dividem-se por mitoses sucessivas produzindo células diploides, as oogónias (2n = 46). Durante esta fase formam-se milhões de oogónias e muitas degeneram sem se verificar nova produção.

Fase de crescimento: as oogónias que não degeneram aumentam de volume, devido à síntese e acumulação de substâncias de reserva, originando os oócitos I (células diploides). Por volta do 5º mês do desenvolvimento embrionário ter-se-ão produzido à volta de 7 milhões de oócitos I. A rodear estas células surgem células foliculares, originando os folículos primordiais. Até ao nascimento muitos destes folículos vão degenerar restando apenas cerca de 2 milhões.

Fase de repouso: os ovários permanecem em repouso durante vários anos até à puberdade. Durante esta fase os folículos primordiais contendo os oócitos I, em profase I, permanecem inativos, até ao reinício da gametogénese na puberdade. Muitos dos folículos primordiais continuarão a degenerar e por volta dos 7 anos de idade restam apenas cerca de 300000 folículos.

Fase de maturação: atingida a puberdade os ovários entram de novo em atividade e os folículos primordiais contendo os oócitos I começam a desenvolver-se, de forma cíclica (mais ou menos mensal). Na puberdade, as raparigas tornam-se férteis e ao nível ovárico é libertado todos os meses (num ciclo de 28 dias) um oócito maduro, que poderá ser fecundado por um espermatozoide. Este ciclo mantém-se na mulher até à menopausa, por volta dos 50 anos de idade. As idades de início da puberdade e menopausa variam muito de pessoa para pessoa. Nesta fase de amadurecimento, as células foliculares que envolvem o oócito I desenvolvem-se formando uma camada regular, originando o folículo primário. A continuada proliferação das células foliculares dará origem à granulosa. Outras duas camadas surgirão para dar origem ao folículo secundário, a zona pelúcida, entre a granulosa e o oócito, que protegerá o gâmeta e a teca. A formação do folículo terciário é caracterizada pelo surgimento de cavidades cheias de líquido e pela proliferação de camadas de mais células foliculares. Ao longo do tempo, estas cavidades vão aumentado de dimensão e coalescem formando uma única cavidade, a cavidade folicular. O folículo terciário continua a aumentar de tamanho devido à continuada proliferação de células foliculares e à formação da cavidade folicular, e surge o folículo maduro ou folículo de Graaf. Em simultâneo com o amadurecimento do folículo o oócito I, no seu interior, recomeça a meiose I, partindo da profase I, originando duas células haploides heterogéneas: a maior, o oócito II (ou de 2ª ordem) e uma de menor tamanho, o 1º glóbulo polar. Esta diferença nas dimensões das células resultantes deve-se a uma citocinese desigual, isto é, ocorre uma divisão desigual do citoplasma entre ambas. O oócito II inicia então a segunda divisão da meiose, mas apenas até à metafase. Localizado junto às paredes do ovário, o folículo de Graaf provoca uma rutura na camada de células foliculares pela ação de enzimas proteolíticas, dando-se a ovulação com a libertação do oócito II para o exterior do ovário. O oócito II já no exterior do ovário é captado pelas trompas de Falópio que o encaminham até ao útero.

Se não houver fecundação o oócito II degenerará. Se, pelo contrário, o oócito for fecundado, terminará a sua maturação, retomando a meiose II e originando duas células desiguais: o oócito II já fecundado (também designado pré-zigoto), de grande tamanho e uma outra célula de menores dimensões, o segundo glóbulo polar, que acabará por degenerar.

No ovário permanecem resíduos do folículo de Graaf que formam uma pequena cicatriz, o corpo amarelo ou lúteo, que tem a função de segregar hormonas e degenerará se não tiver ocorrido fecundação.

Na espécie humana a reprodução é controlada pelo sistema nervoso. A sua regulação é feita através da interação de um conjunto de hormonas, que difere entre o homem e a mulher (Ver regulação dos sistemas reprodutores).


Figura 1. Esquema da evolução dos folículos ováricos e da oogénese