Transporte Foliar
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- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Referência Moreira, C., (2015) Transporte Foliar, Rev. Ciência Elem., V3(2):099
DOI http://doi.org/10.24927/rce2015.099
Palavras-chave vapor de água; célula; estoma
Resumo
Perda de vapor de água por difusão dos espaços intercelulares da folha, através dos estomas, para o exterior onde a pressão de vapor é inferior.
A taxa de transpiração é em parte controlada pela abertura e fecho dos estomas. Os estomas são constituídos por duas células – células de guarda - que delimitam a abertura – ostíolo. As células de guarda são ricas em cloroplastos e as paredes celulares que limitam o ostíolo são mais espessas e menos flexíveis que as paredes opostas, permitindo-lhes o controlo da abertura em função do grau de turgescência. Quando as células estão túrgidas, a água exerce pressão sobre a parede celular – pressão osmótica – que leva à turgescência da célula, que se comporta de forma diferenciada devido às diferentes espessuras, e provoca a abertura do ostíolo, permitindo a saída de água. Quando a pressão osmótica diminui as células perdem água, tendem a ficar plasmolisadas, e o estoma retoma a sua forma inicial, fechando o ostíolo.
A turgescência das células guarda é afetada por diversos fatores:
- concentração de iões potássio e cloreto: o aumento de concentração de iões K+ e Cl- no interior das células cria uma maior pressão osmótica o que provoca o movimento de água por osmose para o meio intracelular com consequente aumento da pressão osmótica e abertura dos estomas. A saída dos iões K+ por difusão provoca a saída de água para as células vizinhas, anulando a turgescência e consequentemente provocando o fecho dos estomas.
- luz: quanto mais energia luminosa for absorvida pela clorofila maior a taxa de fotossíntese e consequente diminuição da concentração de CO2 intracelular. Durante o dia as células de guarda tem menores concentrações de CO2, logo menor concentração de ácido carbónico e uma diminuição da acidez intracelular (pH elevado). O aumento do pH favorece a atividade de fosforilases específicas que são responsáveis pelo desdobramento do amido em glicose. À medida que a concentração de glicose no interior da célula aumenta ela torna-se hipertónica, relativamente ao meio externo e com maior pressão osmótica causando a entrada de água, turgescência e a abertura dos estomas. De noite o processo é inverso, diminui o pH da célula devido ao aumento do CO2, a fosforilase converte a glicose em amido, substância insolúvel, e assim a célula fica com menos pressão osmótica, a água sai causando plasmólise e fecho dos estomas.
- vento e temperatura: o vento e as temperaturas mais elevadas junto às folhas provocam uma redução da humidade nas proximidades da folha acentuando o gradiente de vapor de água entre o interior e o exterior, aumentando a taxa de transpiração. No entanto o vento muito forte ou a temperatura demasiado elevada podem causar o fecho dos estomas como medida de proteção da planta.
- disponibilidade de água no solo: a baixa disponibilidade de água no solo que possa ser absorvida ao nível da raiz provoca um atraso no transporte de coluna de água através do xilema até às folhas reduzindo a transpiração.
As plantas que habitam locais de condições de secura extremas – plantas xerófitas – apresentam algumas adaptações como:
- cutícula mais espessa – evita a perda de água através das células da epiderme
- folhas espessas e suculentas – permitem o armazenamento de água
- ausência de folhas ou folhas em forma de espinhos – reduz a superfície exposta à luz, podendo a fotossíntese ocorrer ao nível do caule
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