Os Ouriços do Mar são dioicos, isto é, têm sexos (feminino e masculino) em indivíduos diferentes. A fecundação é externa. Os seus ovos são isolecíticos (pequena quantidade de deutolécito distribuído homogeneamente por todo o citoplasma ativo). O desenvolvimento embrionário é indireto e divide-se em três principais fases: segmentação, gastrulação e organogénese.


FIGURA 1. Ouriço-do-mar

Segmentação

A segmentação é holoblástica (total) pois os planos de divisão atingem todo o ovo. As divisões mitóticas sucessivas originam células, os blastómeros, de dimensões cada vez mais reduzidas, mantendo o embrião o tamanho do ovo inicial.

Os blastómeros mantém-se unidos formando um conjunto com aspeto de uma pequena amora, a mórula. Quando o embrião atinge este estádio notam-se blastómeros de diferentes tamanhos, mais pequenos (micrómeros) na região do polo vegetativo e de maiores dimensões junto ao polo animal (mesómeros e macrómeros, de tamanho médio e grande respetivamente).

No final da segmentação o embrião é constituído por uma só camada de células, a blastoderme, que rodeia uma cavidade, o blastocélio. Diz-se que o embrião é monodérmico, e é designado por blástula, com blastocélio central neste caso.


Gastrulação

As divisões mitóticas continuam, aumentando o número de células do embrião, mas verificam-se também movimentos celulares. As células do polo vegetativo migram para o interior do blastocélio, formando um tecido embrionário, o mesênquima primário, a partir do qual se formará o esqueleto. A blástula fica mais achatada na zona do polo vegetativo, onde as células se dividem mais ativamente e invaginam até constituir uma camada de células mais interna.

Durante a gastrulação ocorrem os seguintes fenómenos: migração, invaginação (ou embolia). O embrião é constituído por dois folhetos embrionários, um externo, a ectoderme, e outro interno, a endoderme. A endoderme rodeia uma cavidade, o arquêntero ou intestino primitivo, que comunica com o exterior através do blastoporo. No final da invaginação, algumas células no teto do arquêntero migram para o interior da cavidade formando um outro tecido embrionário, o mesênquima secundário, e formam-se duas vesículas laterais, as vesículas celómicas. As vesículas celómicas vão crescendo entre a ectoderme e a endoderme, acabando por se separar da endoderme. As paredes dessas vesículas constituem a mesoderme e delimitam uma cavidade, o celoma. A mesoderme possui dois folhetos: parietal, encostado à ectoderme e visceral, encostado à endoderme.

A gástrula – nome que o embrião toma nesta fase – do ouriço do mar é tridérmico: apresenta três folhetos embrionários – ectoderme, endoderme e mesoderme.


Organogénese

As células dos três folhetos embrionários diferenciam-se dando origem aos diferentes tecidos e órgãos. A embriogénese termina com a formação de uma larva de simetria bilateral - pluteos, capaz de nadar, de vida livre mas incapaz de se alimentar. O intestino primitivo constitui o tudo digestivo, aberto nas duas extremidades. O blastoporo dá origem ao ânus e na extremidade oposta abre-se a boca.

O ouriço do mar tem um desenvolvimento indireto, dado que no nascimento a forma e as características do animal são muito diferentes da sua forma adulta, sofrendo grandes transformações morfológicas, fisiológicas e bioquímicas.


Filme 1. Desenvolvimento embrionário do Ouriço-do-mar.

Resumo:

  • segmentação holoblástica, igual com formação de embrião monodérmico, a blástula, com blastocélio central
  • gastrulacão por migração e invaginação, formando um embrião tridérmico, a gástrula
  • organogénse com diferenciação celular, originando larva com vida independente.

Materiais relacionados disponíveis na Casa das Ciências:

  1. A forma e a alimentação nos ouriços-do-mar, a estranha anatomia dos ouriços-do-mar.