O termo anfotérico deriva do grego ἀμφότεροι, que significa “ambos”.


  • Espécies anfotéricas de ácido-base

Na protólise do cloreto de hidrogénio (ver equação 1), a água comporta-se como uma base visto que recebe um protão do HCl. Por outro lado, na protólise do amoníaco (ver equação 2), a mesma espécie química (a água) comporta-se como um ácido, visto que cede um dos seus protões para a formação do catião amónio.


\(HCl(aq) + H_2O(l) \longrightarrow Cl^-(aq) + H_3O^+(aq) \qquad \qquad (1)\)


\(NH_3(aq) + H_2O(l) \longrightarrow HO^-(aq) + NH_4^+(aq) \qquad \qquad (2)\)


Assim, pode concluir-se que a água é uma partícula anfotérica de ácido-base (ou anfiprótica).


Note-se que este duplo comportamento da água está presente na sua autoprotólise (ver equação 3).


\(2\ H_2O(l) \leftrightharpoons HO^-(aq) + H_3O^+(aq) \qquad \qquad (3)\)


  • Espécies anfotéricas de oxidação-redução

O peróxido de hidrogénio comporta-se como oxidante na presença de anião iodeto (ver equação 4), recebendo eletrões cedidos por este. Por outro lado, na presença de anião permanganato, a mesma espécie química (o peróxido de hidrogénio) comporta-se como um redutor, cedendo-lhe eletrões para a formação do catião manganês(II) em meio ácido (ver equação 5). O peróxido de hidrogénio é uma espécie química anfotérica de oxidação-redução por ter propriedades químicas antagónicas.


\(H_2O_2(aq) + 2\ I^-(aq) + 2\ H^+(aq) \longrightarrow 2\ H_2O(l) + I_2(aq) \qquad \qquad (4)\)


\(2\ MnO_4^-(aq) + 5\ H_2O_2(aq) + 6\ H^+(aq) \longrightarrow 2\ Mn^{2+}(aq) + O_2(g) + 8\ H_2O(l)\qquad \qquad (5)\)


Note-se que, na dismutação do peróxido de hidrogénio (ver equação 6), o número de oxidação do oxigénio no reagente (\(-\)1) aumenta para zero em O2 (oxidação) e diminui para \(-\)2 em H2O (redução). Neste caso, a mesma espécie química (o peróxido de hidrogénio) atua simultaneamente com oxidante e como redutor.


\(2\ H_2O_2(aq) \longrightarrow 2\ H_2O(l) + O_2(g) \qquad \qquad (6)\)