Fixismo
📧
- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Referência Moreira, C., (2015) Fixismo, Rev. Ciência Elem., V3(4):215
DOI http://doi.org/10.24927/rce2015.215
Palavras-chave Lyell; Antiga Grécia; Aristóteles; Cuvier;
Resumo
O fixismo, tal como a palavra indica, considera que as espécies são fixas, permanecendo imutáveis ao longo do tempo sem se modificarem (ver Evolucionismo). As hipóteses fixistas de imutabilidade consideram que as espécies permanecem iguais desde o momento em que surgiram até aos dias de hoje.
Na Antiga Grécia, alguns filósofos defendiam esta ideia de fixismo dos seres vivos, como Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.). Aristóteles defendia que os seres vivos eram criados a partir de matéria inanimada e que um “princípio ativo” a transformava em matéria viva – Teoria da Geração Espontânea. Em 1668, Francesco Redi, realizou uma experiência onde colocou bocados de carne e de peixe crus em recipientes diferentes, uns cobertos com gaze para que houvesse apenas circulação de ar e outros em frascos abertos. Ao fim de alguns dias as amostras nos frascos abertos tinham larvas de mosca enquanto as cobertas com gaze não. Embora refutasse a ideia de geração espontânea, esta ideia de que a matéria viva era gerada de matéria inanimada perdurou até 1864 quando Pasteur (1822-1895) provou o contrário com a descoberta do processo de pasteurização.
O criacionismo, referido na Bíblia, no Livro do Génesis, defende que os seres vivos foram criados por uma entidade divina, num único ato de Criação e com as mesmas características dos seres vivos atuais. A diversidade biológica é vista como uma evidência de que o Criador terá planeado cada espécie com um determinado fim, sendo estas perfeitas e imutáveis.
Carl Linnaeus (1707-1778) foi um fixista convicto e um importante pilar nos estudos da sistemática dos seres vivos.
Outra teoria fixista é o Catastrofismo preconizado por Georges Cuvier (1769-1832). Baseando-se em dados paleontológicos de escavações na bacia sedimentar da região de Paris, terá concluído que as diferenças no aspeto dos fósseis encontrados nos vários estratos rochosos e dos seres vivos atuais poderiam ser explicadas por eventos de repovoamento dos locais com novas espécies provenientes de outras áreas e de outros eventos de criação, após extinção dos organismos causada por catástrofes naturais.
As ideias de Cuvier foram contestadas por Charles Lyell (1797-1875) que apresentou uma explicação para as diferenças encontradas entre os estratos rochosos. O geólogo britânico defendia que os processo erosivos atuais seriam os mesmos no passado, sendo esta a razão para a ausência de fósseis em alguns estratos – lacunas estratigráficas. Segundo Lyell os eventos geológicos são o resultado de processos naturais lentos e graduais. Apesar desta visão do gradualismo nos acontecimentos geológicos, Lyell não aceitava o gradualismo para as espécies.
No final do século XVIII o Fixismo englobando as ideias Criacionistas era aceite assumindo um carácter dogmático. À medida que novas observações eram efetuadas os dados recolhidos na natureza levaram à contestação da imutabilidade das espécies.
Este artigo já foi visualizado 10421 vezes.