Importância e Principais Funções dos Polissacarídeos

As principais funções desempenhadas pelos polissacarídeos são reserva energética e estrutural. Os polissacarídeos mais relevantes a nível energético são o amido e o glicogénio, que representam as principais reservas nutritivas nas plantas e animais, respetivamente. O amido é um sólido branco, insolúvel e que se encontra presente essencialmente nos vegetais. É constituído por cerca de 1400 unidades de glicose ligadas através de ligações glicosídicas. É uma matéria-prima importante nos processos de fermentação, na nutrição (através do uso alimentar de batatas, arroz, pão, massas e cerveja) e em processos industriais (endurecimento de tecidos, papéis, tinturaria e fabrico de explosivos). É estruturalmente uma mistura dos dois polissacarídeos mais importantes nas plantas: a α-amilose (polímero linear composto por uma cadeia sequencial de monómeros de D-glicose unidos por ligações α(1-4) e a amilopectina (polímero formado por unidades de D-glicose unidas por ligações α(1-4) e ramificações α(1-6) em intervalos de cerca de 24 a 30 unidades).

O glicogénio é o polissacarídeo de reserva nos animais. Foi descoberto por Claude Bernard e é armazenado principalmente no fígado e em menor quantidade no músculo esquelético. Também intervém na regulação da glicemia, isto é, na percentagem de glicose no sangue. É estruturalmente semelhante à amilopectina, sendo constituído por cerca de 3000 unidades de D-glicose unidas por ligações α(1-4) e ramificações α(1-6) em intervalos mais regulares (cerca de 8 a 12 unidades). Ambos os polissacarídeos de reserva (amido e glicogénio) apresentam uma conformação em hélice.

Os polissacarídeos estruturais fundamentais são a celulose e a quitina. A celulose é um polissacarídeo formado por cadeias lineares de D-glicose (300 a 1500 unidades) unidas por ligações β(1-4) (Figura 1). É a principal base estrutural das plantas, nomeadamente na constituição das paredes celulares das células vegetais, sendo vulgarmente utilizada na produção de papel. As moléculas de celulose organizam-se em camadas de fibras que oferecem resistência e flexibilidade às estruturas. Embora seja uma molécula hidrofílica, a celulose é completamente insolúvel em água devido ao seu elevado tamanho. A quitina é também um polissacarídeo estrutural formado por unidades de acetilglicosamina, e está presente no exoesqueleto dos artrópodes e nas paredes celulares dos fungos. Outro polissacarídeo muito comum é a agarose que possui diversas aplicações biotecnológicas, sendo frequentemente utilizado em técnicas laboratoriais de Biologia Molecular e Celular.


Figura 1. Representação do polissacarídeo celulose.