Utilização do Powtoon em FQ
Relato de uma experiência
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- Escola Secundária Almeida Garrett, Vila Nova de Gaia
Referência Castro, C., (2016) Utilização do Powtoon em FQ, Rev. Ciência Elem., V4(1):007
DOI http://doi.org/10.24927/rce2016.007
Palavras-chave Física; Química; vídeo; animação; interactivo;
Resumo
Existe alguma dificuldade em os professores aceitarem novas tendências ou novas ideias de práticas no processo de ensinar e aprender, desde logo porque subsiste uma grande distância entre o que é estabelecido e prescrito pela tutela e o que é possível acontecer na prática letiva. A integração da tecnologia no processo de ensinar e aprender requer tempo de formação e aprendizagem por parte dos professores o que colide com o cumprimento de metas curriculares muito ambiciosas em extensão. Esta realidade não concorre para o incremento (ou mesmo manutenção) da motivação do professor que quer tentar outras abordagens que não as mais tradicionais em que o aluno é pouco envolvido, mas e, no entanto, há que ser persistente.
A disciplina de Física e Química é uma das disciplinas à qual é apontado o epíteto de “difícil”, logo desde o 3.º ciclo, sendo muitas vezes esse o alibi para que os alunos não se envolvam ou não sejam muito envolvidos no trabalho de sala de aula. No entanto, para demonstrar que a par do empenho e trabalho que a disciplina exige, a motivação tem de estar presente, é possível apresentar aos alunos situações que lhes permitam ser criadores de recursos e assim aprender de forma mais envolvida.
A tecnologia tem vindo a transformar, quer o trabalho em sala de aula, quer a forma como alunos e professores trabalham em casa, o que é confirmado por estudos nacionais e internacionais. Em Portugal essa transformação também ocorreu e, mais recentemente a adesão, por parte de todos os agentes educativos à utilização de dispositivos móveis veio tornar o uso da tecnologia mais ubíquo. Se os alunos do século XXI são considerados como tendo alguma expertise na utilização da tecnologia, o que a prática demonstra é que essa perícia não existe quando se refere a aplicação educativa.
Competirá, assim, ao professor estimular os alunos para olocarem a potencialidade dos seus dispositivos móveis ao serviço da aprendizagem. Se numa grande parte das escolas, a utilização do telemóvel, smartphone ou tablet está interdita em situação de sala de aula, isso não deverá constituir, no entanto, impedimento para que o recurso à tecnologia no processo de ensinar e aprender ocorra.
Nesse sentido, foi proposto a alunos de 7.º e de 8.º ano a elaboração de vídeos com a ferramenta gratuita da web 2.0 Powtoon® para aprendizagem dos conteúdos Importância da água para a vida e Tipos de reações químicas e Velocidade das reações químicas no 7.º e no 8.º ano, respetivamente. Foi objetivo ensaiar-se uma diferente abordagem dos temas referidos como alternativa a aulas mais expositivas ou à elaboração de trabalhos escritos em suporte papel ou ppt, habitualmente mais estáticos.
O Powtoon® é considerado uma excelente ferramenta1 de criação de vídeos (ou apresentações) animados por ser uma das mais completas no que respeita às ilustrações, imagens animadas, música ou transições animadas que permite. A versão utilizada foi a versão grátis individual, mas existe a possibilidade de subscrever uma conta educação que pode ser utilizada por todos os alunos da turma.2
Se, no início os alunos demonstraram alguma relutância no recurso a essa ferramenta e alguma perplexidade e dificuldade em perceber o seu funcionamento, com a imersão na ferramenta foi possível satisfazer o solicitado.
Para que o produto final apresentasse rigor científico e valor pedagógico, foi proposto que os alunos escrevessem primeiramente um guião sobre como o tema seria desenvolvido na ferramenta web 2.0. No entanto, verificouse uma certa tendência em não cumprir este requisito bem como o da revisão final antes da publicação do recurso criado – vídeo – na web. Terá de ser feito um maior esforço por parte do docente no sentido de convencer os alunos de que o produto final, porque pode ficar acessível a todos, deverá apresentar-se cientificamente correto.
Apresentam-se capturas de ecrã dos recursos desenvolvidos no 7.º ano (Figura 1) e no 8.º ano (Figura 2), que revelam algumas das opções dos alunos na construção dos seus vídeos.
Esta forma de aprender foi considerada interessante e divertida pelos alunos que a ela se dedicaram e que por ela optaram.
Há, no entanto, ainda muito trabalho a fazer para colmatar dificuldades encontradas (relutância em fazer mais um “TPC”), resistência no recurso ao computador e nítida preferência pela utilização de app em dispositivo móvel (a indisponibilidade de uma app para os sistemas operativos dos dispositivos móveis dos alunos, foi invocada para a não elaboração do recurso).
A integração da tecnologia na sala de aula continua a ser uma tendência em educação de acordo com o documento Trends Shaping Education 20163. Também de acordo com o relatório Efforts to increase students’ interest in pursuing science, technology, engineering and mathematics studies and careers National Measures taken by 30 Countries – 2015 Report4, todos os países participantes – entre os quais Portugal – priorizam iniciativas de integração das TIC na educação pelo que o tipo de abordagem pedagógica por nós descrita parece estar em linha com estas tendências.
Por conseguinte, pensamos ser premente a facilitação de condições que permitam ao professor de Física e Química envolver mais os alunos em atividades práticas de integração da tecnologia no processo de ensinar e aprender.
Referências
- 1 http://pablolopez.org/2013/11/05/herramientas-para-hacervideos-animados-gratis/
- 2 https://www.powtoon.com/edu-home/
- 3 http://www.oecd-ilibrary.org/education/trends-shapingeducation-2016_trends_edu-2016-en
- 4 http://www.etag.ee/wp-content/uploads/2014/10/2016- NationalMeasures-30-countries-2015-Executive-Summary.pdf
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