Laboratório com cinco sentidos
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- * CITAB, DeBA, UTAD
- ɫ CITAB, DeBA, UTAD
Referência Anjos, R., Pinto, T.M., (2016) Laboratório com cinco sentidos, Rev. Ciência Elem., V4(2):021
DOI http://doi.org/10.24927/rce2016.021
Palavras-chave Laboratório; sentidos; biologia; teste; estoma;
Resumo
Numa sala de aula que se pretende cada vez mais participada e voltada para os estudantes, há que tornar os assuntos a debater mais atrativos e onde a componente teórica e prática surjam associadas. As matérias relacionadas com a morfologia das plantas assim como a bioquímica dos seus metabolismos, nem sempre aparecem interligadas, pelo que os estudantes mostram alguma dificuldade em as relacionar. Pretendeu-se com a dinamização do workshop “Laboratório com cinco sentidos”, relacionar estas duas componentes da Biologia, com a apresentação de trabalhos práticos de fácil execução e pouco exigentes em termos de reagentes e equipamentos. Desta forma, a implementação dos protocolos sugeridos em contexto de sala de aula, permitirá uma aquisição de informação, por parte dos estudantes, atrativa e participada onde a procura peloconhecimento será uma constante.
Açúcares às cores — estudo laboratorial dos
glúcidos
Os glúcidos podem ser identificados por reações
colorimétricas com reagentes específicos. Esses testes podem ser
utilizados para determinar o tipo de glúcido existente numa solução
(análise qualitativa).
A. Testes baseados na produção de furfural
ou derivados de furfural
Quando um monossacárido é
tratado com uma solução concentrada de ácido, verifica-se a desidratação
do monossacárido.
![Esquema da desidratação de um monossacárido](/static/images/articles/2016-021-00.png)
Se no meio ácido onde ocorreu a formação de furfural ou hidroximetilfurfural se encontrarem naftol, resorcinol ou orcinol (compostos fenólicos), formar-se-ão produtos de condensação corados.
Teste de Molisch
Os monossacáridos
desidratados em furfural e/ou hidroximetilfurfural combinam-se com o
α-naftol, formando um complexo de cor púrpura.
![Esquema da combinação entre monossacáridos
desidratados em furfural e/ou hidroximetilfurfural com o
α-naftol](/static/images/articles/2016-021-01.png)
Teste de Bial
As pentoses
previamente desidratadas condensam com orcinol, em presença de iões
férricos, para dar produtos de cor azul-esverdeada enquanto nas mesmas
condições, as hexoses reagem com o orcinol produzindo um complexo
amarelo-acastanhado.
![Esquema referente ao teste de Bial](/static/images/articles/2016-021-02.png)
Teste de Seliwanoff
Neste teste as cetohexoses reagem com o resorcinol para
dar um produto de condensação de cor vermelha clara enquanto as aldohexoses originam produtos rosa pálido.
![Esquema referente ao teste de Seliwanoff](/static/images/articles/2016-021-03.png)
B. Testes baseados nas propriedades
redutoras dos açúcares
Glúcidos com grupos aldeído ou
cetona livres podem reduzir agentes oxidantes fracos, tais como iões
Cu2+, CN- e Ag+. A cor do precipitado
poderá variar de verde a castanho avermelhado, dependendo da
concentração do açúcar redutor presente.
![Esquema referente ao teste de baseado nas propriedades redutoras dos açúcares](/static/images/articles/2016-021-04.png)
Teste de Benedict
Os monossacáridos
e dissacáridos que possuem um grupo aldeído livre ou potencialmente
livre são oxidados por certos agentes oxidantes, tais como iões Cu2+,
que, sendo reduzidos a Cu+, precipitam na forma de
CuO2 (que apresenta cor vermelha). O reagente de Benedict é
uma solução alcalina de sulfato de cobre, carbonato de sódio e citrato
de sódio. O citrato de sódio existente no reagente forma um complexo
solúvel com os iões Cu2+, evitando a sua precipitação sob a
forma de Cu(OH)2 (de cor azul) ou de CuO (de cor preta). Os
açúcares redutores, mono- e dissacáridos, dão em geral testes de
Benedict positivos.
Teste de Barfoed
O reagente de
Barfoed, que contém acetato de cobre em ácido acético diluído, é
utilizado para distinguir os monossacáridos redutores dos dissacáridos
redutores. Este teste difere do teste de Benedict no facto da reação de
oxidação-redução ser realizada em meio acídico (pH 4,5), em vez de
alcalino. A este pH, os dissacáridos não reduzem os iões Cu2+
a CuO2, enquanto os monossacáridos reduzem os iões
Cu2+, quando aquecidos durante 2 minutos num banho de água
fervente. De referir, também, que o óxido cuproso, neste teste,
apresenta cor de tijolo, enquanto no teste de Benedict é
laranja-acastanhado, devido ao pH ácido do reagente de Barfoed.
C. Teste de iodo
Os
polissacáridos apresentam uma cor característica, quando tratados com
uma solução de iodo, na forma de KI. O amido pode ser especificamente
detetado, em virtude da sua habilidade de formar um complexo azul-escuro
com o iodo. Esse complexo consiste numa disposição linear de aglomerados
de átomos de iodo (iões pentaiodeto, I5-) entre as cavidades helicoidais
da amilose. A amilose existe na forma de uma cadeia helicoidal, contendo
seis resíduos glicosídicos por volta. É requerido um comprimento de
cadeia mínimo de seis voltas da hélice (36 grupos glicosídicos) para se
formar o complexo com o iodo. Polissacáridos ramificados, com hélices
interrompidas (p.e. amilopectina) formam complexos corados menos
intensos, enquanto polissacáridos fortemente ramificados (p.e.
glicogénio), com pequenos segmentos helicoidais e impedidos de formar
hélices maiores, originam complexos corados de uma cor
castanho-avermelhada pálida. O iodo forma, assim, complexos corados com
os polissacáridos, produzindo uma cor azul na presença do amido,
enquanto na presença de glicogénio e de amido parcialmente hidrolisado a
cor que se desenvolve é vermelho-acastanhada.
As impressões digitais dos estomas
Introdução
Uma planta vascular
começa a sua existência num ovo unicelular. O ovo transforma-se em
embrião e este em planta adulta.
![](/static/images/articles/2016-021-05.jpg)
Numa planta superior com sementes, distinguem-se bem as folhas, o caule e a raiz, órgãos de morfologia e funções bem determinadas. Os órgãos das plantas são constituídos por tecidos e estes por um ou mais tipos de células. Como pode ser observado na Figura 1, a disposição das células e dos tecidos não é casual, revela sim uma organização estrutural e funcional bem definida (Esau, 1998).
Objetivos
Pretende-se com este
trabalho apresentar uma técnica histológica simples, de fácil
reprodução, que permite a identificação e caracterização de estomas.
Estomas
São aberturas na epiderme,
através das quais o caule e folhas estabelecem trocas gasosas com o meio
ambiente, ou seja, entrada de CO2 e O2 e saída de
vapor de água (Figura 2).
![](/static/images/articles/2016-021-06.jpg)
Podemos observá-los?
Sim.
É difícil?
Não.
Preciso de material caro?
Não,
é só seguir um protocolo simples como o mostrado aqui.
Referências
- 1 Bacelar, E.; Correia, C.M.; Moutinho-Pereira, J.; Gonçalves, B.; Lopes, J.I.; Torres-Pereira, J.M.G, 2004. Sclerophylly and leaf anatomical traits of five field-grown olive cultivars growing under drought conditions. Tree Physiology 24, 233–239
- 2 CienTIC, 2016. Trocas gasosas nas plantas. Acedido em 15 de setembro de 2016
- 3 http://www.cientic.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=209:autotro%20fia-parte-i&c
- 4 Esau, K., 1998. Anatomia das Plantas com Sementes. 14ª Edição, Edgard Blucher, São Paulo
- 5 Meyer, B.S.; Anderson, D.B.; Bohning, R.H.; Fratianne, D.G., 1983. Introdução à Fisiologia Vegetal. 2ª Ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 710p
- 6 Webb, D.T., 1997. Primary vs Secondary Growth – 5. Acedido em 12 de fevereiro 1997
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