O Aroma das Plantas
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- * CESAM / CBV / Universidade de Lisboa
- ɫ CESAM / CBV / Universidade de Lisboa
- ‡ CESAM / CBV / Universidade de Lisboa
Referência Pedro, L. G., Figueiredo, A. C., Barroso, J. G., (2018) O Aroma das Plantas, Rev. Ciência Elem., V6(2):047
DOI http://doi.org/10.24927/rce2018.047
Palavras-chave Aroma; Plantas; compostos químicos;
Resumo
Quando, nos festejos dos Santos Populares, colocamos a mão sobre o manjerico, provocamos a rutura de estruturas microscópicas. Ao fazê-lo, libertam-se compostos químicos que aderem à palma da nossa mão que, depois, percecionamos pelo nosso olfacto. Os aromas são misturas complexas de dezenas de compostos voláteis caraterísticos de uma determinada planta.
O aroma, o que é?
O aroma de muitas plantas é constituído por diversos compostos químicos voláteis que têm a capacidade de estimular os nossos recetores olfactivos. A quantidade e a diversidade deste tipo de compostos presentes nas plantas, são responsáveis pelos aromas caraterísticos. É relativamente fácil reconhecer o aroma dos coentros ou do manjerico e distingui-los de outros aromas, como o da rosa ou do cravinho.
Na composição da fração volátil de uma planta aromática encontram-se, regra geral, compostos como os mono- e sesquiterpenos e os fenilpropanóides (FIGURA 1), entre outros. São, todos eles, compostos químicos com ponto de ebulição relativamente baixo que volatilizam à temperatura ambiente e contribuem, de forma mais ou menos notória, para o aroma caraterístico de cada espécie.
Estruturas secretoras
Os compostos que constituem a fração aromática de uma planta são, regra geral, sintetizados e acumulados em estruturas secretoras microscópicas. Entre os diversos tipos de estruturas secretoras, as mais frequentes são os tricomas, os canais e as bolsas (FIGURA 2).
Os tricomas glandulares são estruturas externas, com origem em células epidérmicas, que apresentam diversos graus de complexidade, desde tricomas com apenas três células, uma das quais a secretora, até tricomas com mais de uma dezena de células secretoras. As bolsas e os canais secretores são estruturas internas constituídas por células glandulares que delimitam o lúmen, o espaço para onde são secretados os compostos, depois de produzidos nas células secretoras. Os canais são estruturas alongadas que percorrem o corpo da planta, por vezes com ramificações, enquanto as bolsas são estruturas mais ou menos isodiamétricas1.
Os óleos essenciais
Um óleo essencial é obtido por hidrodestilação ou por destilação por arrastamento de vapor (FIGURA 3). No caso particular dos citrinos, o óleo essencial pode, ainda, ser obtido por expressão (processo mecânico que promove a libertação do secretado acumulado no interior das estruturas secretoras, neste caso bolsas).
Tanto na hidrodestilação como na destilação por arrastamento de vapor, o secretado é removido das estruturas secretoras e arrastado pelo vapor de água. Depois de condensar por arrefecimento, o óleo essencial separa-se da água, podendo ser facilmente recolhido devido à sua imiscibilidade com a água.
Análise de óleos essenciais
Para analisar um óleo essencial recorre-se, frequentemente, à cromatografia gasosa (CG) para quantificação dos componentes, e à CG acoplada à espectrometria de massa (CG-EM), para a correspondente identificação dos constituintes. Por CG-EM os diversos componentes que constituem o óleo essencial são separados uns dos outros e, ao chegarem ao espectrómetro de massa, são bombardeados por eletrões o que leva a que as moléculas fragmentem, formando-se diferentes iões, de acordo com padrões preferenciais. O conjunto dos fragmentos/iões constituem o espectro de massa que é caraterístico de cada molécula. A integração das áreas dos picos que surgem no cromatograma obtido por CG (FIGURA 4A) permite a quantificação relativa dos diversos componentes do óleo essencial. A análise por CG-EM possibilita a identificação desses compostos, por comparação dos espectros de massa (FIGURA 4B) e dos índices de retenção com os de amostras padrão.
Referências
- 1 ASCENSÃO, L. Em Potencialidades e Aplicações das Plantas Aromáticas e Medicinais - Curso Teórico-Prático; Figueiredo A.C., Barroso, J.G., Pedro, L.G., eds.; Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - Centro de Biotecnologia Vegetal, pp. 19-28, 2006
- 2 FIGUEIREDO, A. C. et al., Agrotec, 24: 14-17, 2017.
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