O Ouro romano em Valongo
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- * DGAOT/ Universidade do Porto
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Referência Leal, S., Lima, A., (2019) O Ouro romano em Valongo, Rev. Ciência Elem., V7(1):002
DOI http://doi.org/10.24927/rce2019.002
Palavras-chave Ouro romano; Valongo;
Resumo
As rochas do anticlinal de Valongo são resultado de uma longa viagem no tempo geológico, sendo possível recuar até cerca de 540 Ma atrás e, seguidamente, percorrer os diferentes períodos geológicos até aos nossos dias. Neste intervalo de tempo muitos acontecimentos geológicos decorreram preponderantes para a formação das mineralizações auríferas da região. Mas o mais relevante foi a instalação de granitos, que funcionaram como uma fonte de calor para a circulação e ascensão de fluidos enriquecidos pelas fraturas nas rochas pré-existentes. Com o seu arrefecimento, estes cristalizaram, formando estruturas mineralizadas em ouro. O rio Ferreira teve um papel importante na formação das rochas mais recentes desta região, formando meandros que deixaram, ao longo da sua evolução, vários terraços fluviais conhecidos por aluviões.
A diversidade e complexidade geológica de Portugal concede-lhe uma propensão para a ocorrência de matérias-primas muito importantes para a economia de qualquer país. Não obstante disso, há mais de 2000 anos, essas riquezas já pejavam o nosso território, e, desde cedo, atraiam povos distantes.
Uma das grandes riquezas era o ouro, elemento que movia o Império Romano. Roma assume-se como uma nova potência nos finais do século IV a.C. e o processo expansionista chega à Península Ibérica, onde são ainda visíveis hoje em dia uma imensidão de vestígios da sua passagem. Como herança desta intensa atividade conserva-se ainda hoje em Portugal um património romano de relevância internacional. No que diz respeito à mineração de ouro, Valongo é um exemplo de uma história milenar de trabalhos no território, dando origem a um extenso complexo de mineração romana de ouro.
O ouro era explorado, primeiramente da forma mais simples e menos trabalhosa, aproveitavam aquele que se encontrava nos aluviões e coluviões (depósitos minerais provenientes da erosão dos depósitos primários).
Este material solto, era lavado em bateias, e como o ouro é um material muito denso, ficava retido no fundo das mesmas. Para este tipo de exploração eram necessárias grandes quantidades de água e, para tal, os engenheiros romanos contruíram canais de lavagem para transportar água e ainda alguns reservatórios para reter a água da chuva.
Os romanos começaram a explorar as rochas que continham primariamente o ouro, começando com explorações à superfície, fazendo grandes escavações, deixando-nos vestígios como cortas. Quando continuavam as escavações, em profundidade faziam um sistema de poços verticais e galerias de extração e de drenagem que dão acesso a um conjunto de mineração subterrânea de dimensões colossais, mas que, apesar de tudo, ainda não se conhece em todas as suas dimensões.
A maior parte destes trabalhos mantiveram-se intactos desde a sua paragem, se bem que em alguns casos foram sujeitos a tentativas de mineração moderna, mas sem grande êxito, devido aos trabalhos de grande precisão e exaustão de recursos feita pelos romanos. São encontrados inúmeros vestígios de mineração do ouro, e não só, também das vivências do dia a dia dos povos aqui instalados.
Referências
- 1 PEREIRA, E. (Coord)., Carta Geológica de Portugal 1:200 000, Folha 1, 1989. Nota Explicativa, Instituto Geológico e Mineiro, Portugal, 1992.
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