Quantas interpretações tem uma imagem?

Pouco sei do que esta imagem representa. A única coisa que sei é que é uma imagem microscópica de um caule. Mas eu vejo-a - por (de)formação profissional - não como uma imagem ilustrativa da ciência (com uma função de informar e de transmitir conhecimento) mas como uma imagem per si, isto é, sem outros referenciais que não as suas características como imagem: o seu “desenho”, a sua composição, a distribuição e jogo dos elementos “gráficos” (linhas e manchas) na superfície de um suporte. A imagem transforma-se numa composição visual e plástica, com uma lógica de relações internas, polissémica (aberta a várias interpretações), ao contrário da ilustração em ciência que pretende que a imagem seja unissémica (isto é, que tenha uma única possibilidade de interpretação).

Uma imagem é sempre isto: uma fonte inesgotável de interpretações, tantas quanto os seus espectadores. É esta uma das suas “virtudes” mas também um dos seus “vícios”.

Mário Bismarck
FBAUP/Universidade do Porto

Madeira de Kambala (Milicia sp.) em secção radial, vista ao microscópio ótico.

São evidentes os dois sistemas de células que constituem o xilema secundário, tecido que comummente conhecemos com madeira e que desempenha fundamentalmente funções estruturais e de condução de água no corpo das plantas. Integrando o sistema axial observam-se fibras e colunas mais claras de parênquima xilémico longitudinal. Em disposição cruzada sobressaem os elementos do sistema radial - os raios ou parênquima xilémico radial. Estes raios são do tipo heterocelular porquanto é possível observar células procumbentes (deitadas) no corpo dos raios, e células eretas e/ou quadradas nas suas margens.

Coloração com Safranina.

José Pissarra
Ciências/Universidade do Porto