Medicina e arte
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- * Medicina, Universidade do Porto
- ɫ Hospital de Santa Marta, CHULC, Lisboa
Referência Guerra, L., Branco, L. M., (2020) Medicina e arte, Rev. Ciência Elem., V8(4):061
DOI http://doi.org/10.24927/rce2020.061
Palavras-chave técnicas de diagnóstico complementar, métodos de análise, imagiologia, medicina
Resumo
A imagem «Medicina e arte» foi submetida por Luísa Moura Branco, e está disponível no Banco de Imagens da Casa das Ciências.
As imagens são de um belo colorido sobre fundo negro. Projetadas numa tela, dir-se-ia ser uma pintura abstrata. Muito de enaltecer os médicos e cientistas que percebem o belo no que fazem. As duas representações que comentamos obtidas por velocimetria de imagem de partículas é um exemplo. Estas imagens são muito interessantes, ambas muito belas! É como o resultado de um pincel de artista que acabasse de plasmar a ideia de representar redemoinhos, um tornar percetível o movimento numa tela! Na imagem da esquerda, a força (o volume) do sangue que desce da aurícula esquerda para o ventrículo percebe-se naquele encaracolado das imagens duma forma que é diferente do que se observa na imagem da direita que denota o refluxo descido da aorta por insuficiência da válvula aórtica. É um encaracolado muito artístico porque, além da forma, as diferentes tonalidades das cores não só combinam muito bem como ajudam a uma expressão mais real dos fluxos sanguíneos. E depois há aquela teia lindíssima dos azuis nas paredes ventriculares… No abstracionismo artístico todas as ideias, quaisquer que sejam, desde que se projetem em formas e cores, são bem acolhidas! A questão é ser-se capaz!...
Levi Guerra
Medicina/ Universidade do Porto
Na imagiologia cardíaca, uma nova tecnologia estuda os “vórtices” (redemoinhos) que o sangue forma e acrescenta informação ao Doppler a cor. Possibilita estudar a energia cinética das células sanguíneas e avaliar a repercussão dos desvios da normalidade em dilatações ou em alterações degenerativas ou pró-trombóticas.
Na lindíssima imagem observamos, em visualização computacional, dois ventrículos esquerdos na diástole. O cardiologista olha e vê: no da esquerda, um enchimento ventricular sem restrições; no da direita surge um outro fluxo, de regurgitação da válvula aórtica à esquerda, que vai causar uma diminuição da profundidade do “vórtex” de enchimento normal do coração, distorcê-lo e explicar um sopro que se ausculta nas insuficiências valvulares aórticas graves (rodado de Austin Flint).
A imagem poderia estar numa galeria de pintura e possui uma simplicidade e intensidade de cor de suster a respiração. É um instantâneo de uma estrutura em movimento, mas não deixa de mostrar a ondulação do fluxo e as suas interferências e apontar a maravilha que é o funcionamento da bomba que é o coração.
Luísa Branco
Hospital de Santa Marta/ CHULC/ Lisboa
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