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Referência (2021) Notícias, Rev. Ciência Elem., V9(2):037
DOI http://doi.org/10.24927/rce2021.037
Palavras-chave Notícias
A Genética da cor dos olhos “é tudo menos simples”
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A genética da cor dos olhos humanos é muito mais complexa do que se pensava, de acordo com um estudo publicado recentemente. Uma equipa internacional de investigação liderada pelo King’s College de Londres e pelo Erasmus University Medical Center de Roterdão identificou 50 novos genes para a cor dos olhos, no maior estudo genético desse tipo realizado até ao momento. O estudo envolveu a análise genética de quase 195.000 pessoas em toda a Europa e Ásia.
Anteriormente, os cientistas pensavam que a variação na cor dos olhos era controlada apenas por um ou dois genes, com os genes de “olhos castanhos” a ser dominantes sobre os genes de “olhos azuis”. Os resultados deste estudo demonstram que a complexidade genética da cor dos olhos humanos excede consideravelmente esta abordagem simplista, destacando a cor dos olhos como um traço humano altamente complexo na sua expressão genética.
Estas descobertas vão permitir também entender melhor as doenças associadas à pigmentação ocular e fornecem o conhecimento genético necessário para melhorar a previsão da cor dos olhos a partir do DNA, como já aplicado em estudos antropológicos e forenses, mas com precisão limitada para as cores dos olhos não castanhos e não azuis.
Raios produzem moléculas que limpam a atmosfera
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Dizer que uma trovoada limpa o ar tem um significado adicional. As descargas elétricas que acompanham uma trovoada - os raios, que visualmente identificamos pelos relâmpagos - provocam a cisão das moléculas de nitrogénio e oxigénio na atmosfera e criam formas altamente reativas que afetam os gases de efeito estufa. Um estudo recente concluiu que os raios - e também descargas elétricas que não podem ser vistas a olho nu -, produzem quantidades muito elevadas do radical hidroxilo, OH, e do radical hidroperóxilo, HO2.
O radical OH é uma espécie molecular altamente reativa que é conhecida como o “detergente da atmosfera”, porque está envolvido na maioria das reações de decomposição dos compostos orgânicos voláteis (VOCs) - os poluentes de hidrocarbonetos da vida urbana, e gases com efeito de estufa.
Os sinais extremamente elevados de OH e HO2 detetados nas nuvens durante um estudo da composição das nuvens após uma tempestade, levaram os cientistas a questionar a fiabilidade dos instrumentos de medida. Na verdade, eliminaram esses dados como “ruído” e guardaram-nos para análise futura. A análise mais detalhada veio agora revelar níveis efetivamente elevados de OH e HO2 e a sua relação com as descargas elétricas durante as tempestades.
O OH gerado por raios em todas as tempestades que acontecem ao mesmo tempo por toda o planeta pode ser responsável por um valor ainda incerto mas substancial da oxidação atmosférica global.
Mais de 5.000 toneladas de poeira extraterrestre caem na Terra em cada ano
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Todos os anos, o nosso planeta recebe fragmentos de cometas e asteroides. Muitos são apenas partículas de poeira interplanetária que se volatilizam na atmosfera, dando origem a estrelas cadentes. Alguns fragmentos de maior dimensão atingem o solo sob a forma de micrometeoritos. Um programa internacional realizado durante quase 20 anos por cientistas do CNRS, da Universidade de Paris-Saclay e do Museu Nacional de História Natural, com o apoio do instituto polar francês, determinou que 5.200 toneladas desses micrometeoritos cheguem ao solo em cada ano.
Para chegar a este resultado, as equipas de cientistas realizaram seis expedições, nas últimas duas décadas, perto da estação franco-italiana de Concórdia (Cúpula C), que está localizada a 1.100 quilómetros da costa no coração da Antártida. A Cúpula C é um local ideal de coleta devido à baixa taxa de acumulação de neve e à quase ausência de poeira terrestre. Essas expedições recolheram partículas extraterrestres (variando de 30 a 200 micrómetros de tamanho) suficientes para medir seu fluxo anual, que corresponde à massa acrescentada à Terra por metro quadrado por ano. Se esses resultados forem aplicados em todo o planeta, o fluxo anual total de micrometeoritos representa 5.200 toneladas por ano. Esta é a principal fonte de matéria extraterrestre no nosso planeta, muito à frente de objetos maiores, como meteoritos, para os quais o fluxo é inferior a dez toneladas por ano.
COVID-19 - Cientistas identificam genes humanos que combatem infeções
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Uma equipa de cientistas identificou um conjunto de genes humanos envolvidos no combate à infeção pelo SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19. Saber quais os genes que ajudam a controlar a infeção viral pode permitir entender os fatores que afetam a gravidade da doença e também sugerir possíveis opções terapêuticas. Os genes em questão estão relacionados com interferões, os combatentes do vírus na “linha da frente” do nosso organismo.
Logo após o início da pandemia, os médicos descobriram que uma fraca resposta de interferão à infeção pelo SARS-CoV-2 produziu alguns dos casos mais graves de COVID-19. Esse conhecimento levou esta equipa dirigida pelo Instituto de Descoberta Médica de Sanford Burnham Prebys (E.U.A.) a procurar os genes humanos ativados por interferões que atuam no sentido de limitar a infeção por SARS-CoV-2. Estes genes são normalmente designados por “genes estimulados por interferão”, ou ISGs, a partir da designação em inglês.
Com base no conhecimento obtido pelo SARS-CoV-1 (o vírus que causou um surto mortal, mas relativamente breve, da doença entre 2002 e 2004), e sabendo que este era semelhante ao SARS-CoV-2, os investigadores foram capazes de desenvolver as experiências laboratoriais necessárias para identificar os ISGs que controlam a replicação viral da COVID-19.
Nas palavras do coordenador do projeto, “Descobrimos sessenta e cinco ISGs capazes de controlar a infeção por SARS-CoV-2, incluindo alguns que inibiram a capacidade do vírus de entrar nas células, alguns que suprimiram a produção do RNA que é vital para o vírus, e um conjunto de genes que inibiram a montagem do vírus”. De entre estes, foram identificados oito ISGs que inibiram a replicação do SARS-CoV-1 e do SARS-CoV-2 num organelo celular específico - o complexo de Golgi -, sugerindo que esses organelos são locais críticos para o controle celular da replicação dos vírus SARS-CoV.
Com este estudo, a comunidade científica adquiriu novas perceções sobre como o vírus explora as células humanas que invade, mas ainda está à procura do seu “calcanhar de Aquiles” para que se possam desenvolver antivirais ideais.
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