Amonites
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- * DQB/ Universidade do Porto
- ɫ Universidade de Coimbra/ MARE/ DCT
Referência Magalhães, A. L., Duarte, L. V., (2022) Amonites, Rev. Ciência Elem., V10(2):030
DOI http://doi.org/10.24927/rce2022.030
Palavras-chave
Resumo
A imagem «Amonites» foi submetida por Luís Vitor Duarte, e está disponível no Banco de Imagens da Casa das Ciências.
Qualquer fóssil tem o poder de nos maravilhar. É um silencioso testemunho que atravessou o tempo para nos lembrar um velho e sábio princípio, que a vida é efémera mas deixa a sua marca.
A fossilização, tal como a fotografia, é um processo de fixação que imortaliza por um demorado instante uma fugaz realidade. Nas palavras de Marguerite Yourcenar, o tempo é o grande escultor. Ele, na sua lenta sabedoria, vai moldando o Mundo e, após o milagre de um lampejo de vida, continua o seu eterno trabalho, esculpindo em rocha a obra que nós agora apreciamos e que inexoravelmente retornará a pó estelar.
Esta colónia de seres, outrora vibrante, foi imobilizada em cornucópias de base calcária e possui a força de nos atrair numa voragem hipnotizante para um tempo jurássico misterioso. O próprio grão desta imagem esbate os contornos das formas e acrescenta um ambiente feérico ao conjunto.
Aproveitemos, portanto, a oportunidade de contemplar esta bela imagem enquanto a química a vai erodindo lentamente.
Alexandre Lopes Magalhães
DQB/ Universidade do Porto
As amonites, cefalópodes que habitaram os ambientes marinhos da Terra, desde o Devónico ao final do Cretácico, são particularmente importantes na estratigrafia, já que os seus fósseis permitem datar as rochas/camadas em que se inserem. São considerados fósseis índice ou de idade, com enorme potencial no processo de correlação temporal, pelo facto de terem pertencido a um grupo taxonómico (Subclasse Ammonoidea) com elevada taxa de evolução, e com larga distribuição geográfica. A imagem (escala aproximada 1:1), mostra uma acumulação monoespecífica do género Paltechioceras, um fóssil que marca o final do Sinemuriano em Portugal, o segundo andar do Período Jurássico. Este registo paleontológico, inserido num calcário de grão fino e acumulado num ambiente marinho não muito profundo, é excecional devido à abundância de exemplares, à sua disposição, e ao preenchimento calcítico, cristalino, dos fósseis, bem diferente do da rocha encaixante. É um sinal de que existiu toda uma história, bem complexa, após a morte dos organismos até à sua consequente fossilização.
Luís Vitor Duarte
MARE/ DCT/ Universidade de Coimbra
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