A imagem mostra uma realidade assustadora que, infelizmente, poderá vir a concretizar-se mais cedo do que se imagina. A chamada “inteligência” artificial (IA) poderá vir a substituir o professor na sala de aula. Mesmo que possa apenas servir de ajudante, a ideia é já ameaçadora quer da profissão, quer do papel essencial que o ensino presencial tem no desenvolvimento cognitivo dos jovens. O relacionamento e a interação social estão ameaçados a partir do momento em que o humano é conduzido a dialogar com uma máquina. A inteligência humana definhará, a criatividade reduzir- -se-á a uma “inteligência” generativa, a uma simulação aleatorizada do real. A pressão do enorme e descontrolado poder das grandes companhias (Google, Meta, NVIDIA, Alibaba e outras) que produzem instrumentos com uso de IA, far-se-á sentir junto dos decisores políticos que o repercutirão sobre as direções escolares. A escola está sob ameaça por um instrumento perigoso que irá destruir a civilização tal como a conhecemos. As desigualdades socioeconómicas e culturais acentuar- se-ão, o desemprego aumentará criando populações desinteressadas e apáticas, dependentes da torrente informativa que os inundará de pseudoconhecimento, e os tornará vulneráveis aos poderes sem escrúpulo, uma massa disforme de descartáveis que ilusoriamente terão voz, mas que não será mais do que um eco regressivo do superpoder da dita “inteligência”.

Estamos a tempo de travar esta ameaça! Os professores poderão ser os principais atores nesta luta que se avizinha.

João Nuno Tavares
Universidade do Porto