A imagem escolhida para a capa desta edição da Revista de Ciência Elementar é a famosa fotografia “Earthrise”, tirada pelo astronauta William Anders em 24 de dezembro de 1968 durante a missão Apollo 8, a primeira viagem que orbitou a Lua. Esta imagem icónica mostra a Terra surgindo acima do horizonte da Lua.

O deslumbramento extático que William Anders deve ter experimentado naquele momento único, ao ver a Terra surgindo lentamente acima do horizonte lunar, foi tão intenso que o levou a querer partilhar esse sentimento com a Humanidade através de uma foto. O poeta Archibald MacLeish reagiu de imediato, tendo escrito na edição do dia seguinte do The New York Times: “To see the earth as it truly is: small and blue and beautiful in that eternal silence where it floats is to see ourselves as riders on the earth together”, o que ilustra bem o impacto que esta imagem teve. Passados 56 anos, ela ainda não perdeu o seu encanto, sendo considerada frequentemente uma das fotografias ambientais mais influentes.

Vivemos atualmente tempos desafiantes em que a nossa perceção do Mundo, relativamente às suas vertentes humana, biológica, geológica e climatérica, se vai alterando por força do crescimento da população, do avanço do conhecimento e do vertiginoso fluxo de informação. Carl Sagan, na sua obra-prima de divulgação científica Cosmos e na correspondente série televisiva homónima, soube mostrar-nos com grande clarividência o quão pequeno e isolado é o nosso Planeta. Em rigor, todas as formas de vida habitam a Bioesfera que não é mais do que uma delgada película que rodeia a Terra que, por sua vez, é um ínfimo grão do Espaço Sideral. Esta minúscula região do Universo é o nosso “Lar”, e todos nós temos a responsabilidade de a compreender e conservar.

Nesta edição da Revista de Ciência Elementar, tentámos reunir assuntos relativos a fenómenos que envolvem o nosso Planeta como um todo, com o objetivo de relembrar aos nossos leitores que o nosso bem-estar depende muito do conhecimento esclarecido que temos do lugar que habitamos e do equilíbrio saudável que estabelecemos com outras formas de vida. Esse seria o pequeno contributo que, humildemente, gostaríamos de deixar com esta edição.

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