Esta bela imagem do mar de Chukchi, no Alasca, foi capturada pelo Operational Land Imager do satélite Landsat 8 na primavera de 2018 e tratada por Norman Kuring/NASA’s Ocean Color Web. Não parece o que é; a nossa perceção depende da perspetiva do olhar. Todos os anos, estas águas ganham cor com as florações de fitoplâncton. A dinâmica das correntes dá o toque artístico final a este fenómeno que só podemos apreciar quando observado a longa distância.

Alexandre Lopes Magalhães
Universidade do Porto

Qual paleta de mistura de cores pela mão do pintor esta imagem do mar Chukchi ilustra o pulsar da vida na Primavera sob a forma de blooms coloridos de fitoplâncton. O fitoplâncton, constituído fundamentalmente por cianobactérias e algas microscópicas (como diatomáceas e dinoflagelados), é a maior biomassa fotossintética do planeta libertando mais oxigénio que as florestas terrestres. É responsável pela grande produtividade dos sistemas marinhos e constitui a base da cadeia trófica marinha, fornecendo alimento para uma ampla gama de criaturas marinhas, como zooplâncton, peixes e mamíferos que deles se alimentam. Normalmente as concentrações de fitoplâncton são mais elevadas junto à costa, devido à presença de nutrientes provenientes dos rios e do afloramento costeiro (upwelling) que, na Primavera, transporta nutrientes do fundo marinho para as águas superficiais. Assim, na Primavera com o aumento de luminosidade, temperatura da água e disponibilidade em nutrientes as populações de fitoplâncton crescem de forma explosiva, um fenómeno conhecido como bloom. A vida útil de um organismo fitoplantónico raramente é superior a alguns dias, mas um bloom pode durar várias semanas e no oceano podem cobrir centenas de quilómetros quadrados sendo facilmente visíveis em imagens de satélite. De uma maneira geral os blooms de fitoplâncton são benéficos para a fauna marinha. Contudo, em condições de excesso de nutrientes o fitoplâncton pode crescer descontroladamente e formar blooms de microalgas nocivas que libertam compostos com efeitos tóxicos em peixes e crustáceos e com impactos negativos na saúde pública. As “marés vermelhas” e as marés bioluminescentes visíveis durante a noite, são exemplos de blooms de dinoflagelados, mas nem todos tóxicos.

José J. S. Pissarra
FCUP/ GreenUPorto/ Universidade do Porto