Professor do Ano 2024
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- Casa das Ciências
Referência Coordenador, G., (2025) Professor do Ano 2024, Rev. Ciência Elem., V13(1):012
DOI http://doi.org/10.24927/rce2025.012
Palavras-chave
Professor do Ano 2024 - Número especial da Revista de Ciência Elementar, Rev. Ciência Elem., V13(A)

Se algo posso dizer para caracterizar o Manuel Almeida, é que para além de ser um bom amigo, um excelente e qualificado profissional, é (para mim obviamente) um “compagnon de route”.
Tudo começou no início deste século, há mais e vinte anos, quando o Manel era o responsável na Direção Geral do Ensino Secundário pela área da lecionação da informática, sendo Ministro da Educação o Professor David Justino. E porquê esta referência? Porque, se bem se lembram, foi nessa altura que se avançou com uma importante revisão curricular do Ensino Secundário, em que uma das centralidades era a digitalização da sociedade, que foi o objeto agregador de muita gente que se preocupava a sério com o Ensino neste país e, no meu caso em concreto, funcionou como ponte perfeita para uma amizade sincera que perdurou até hoje.
O Professor (com P grande pois claro) que é e sempre tem sido, o Dr. Manuel Almeida, teve a amabilidade de me convidar a participar nesse processo da revisão curricular, por sugestão de alguém, mas, sobretudo, porque (segundo me disse uns anos mais tarde) os pareceres que eu enviava para o Ministério não eram “só palha” e davam-lhe prazer a sua leitura. Das longas conversas que por essa atura tivemos, das reuniões de trabalho profícuas, mas nem sempre pacíficas em que participamos, foi nascendo uma perceção de que existia uma visão muito similar para os problemas que na primeira década desse século configuravam o ensino da informática e, sobretudo, a certeza partilhada da necessidade premente de estender a aprendizagem dos conceitos básicos do digital a todo o universo educativo desde as idades mais baixas, algo que sempre defendemos de uma forma aberta e universal.
Queríamos (e ainda queremos) uma escola info-inclusiva, perfeitamente atualizada em termos da inovação tecnológica digital, em que as ferramentas da tecnologia digital atravessassem todas as áreas do processo educativo e em que todos os alunos pudessem sair do processo de escolaridade obrigatória de forma a que se pudessem integrar com facilidade e de forma responsável na sociedade digital. Isto, para além de nos cursos tecnológicos específicos, se fornecerem as ferramentas e as competências que os aproximassem das exigidas num mundo empresarial. E esta última questão foi e continua a ser uma das prioridades do Manuel Almeida, o que o leva a ser um professor “pesquisador” que tem a consciência clara da evolução da tecnologia, do impacto que ela tem na sociedade e, sobretudo, da necessidade da Escola, no seu sentido mais amplo, não se deixar ficar para trás nesse processo evolutivo.
Atrevo-me a dizer que este “desígnio” comum, objeto de muitas e longas conversas, foi o cimento que fundou esta amizade. E foi também o impulso que levou a passar da teoria à prática, operacionalizando muitas coisas em concreto e que desde então temos vindo a ver a luz do dia, umas mais perenes do que outras, mas sempre tendo em vista a melhoria da qualidade de ensino.
Destaco desde logo toda a “geração” de programas ligados à informática propriamente dita (desde as linguagens de Programação até às Aplicações Informáticas) que viram a luz do dia nessa mesma altura; depois, a participação no Programa das TIC da autoria da amiga comum Sónia João, quer para o 9.º quer para o 10.º anos de escolaridade que em que o Manuel Almeida teve um papel extremamente relevante e, mais tarde, os manuais publicados quer para o 9.º quer para o 10.º, em que o seu grande contributo quer como coautor quer como colaborador essencial se fez sentir. A construção destes manuais e todo o trabalho à volta da sua elaboração, revisão e complementaridade, como a produção de CDs interativos para a aprendizagem de docentes e discentes, bem como guias aprendizagem etc. foi profusamente revelador da capacidade de inovação do Manel, mas sobretudo da capacidade de “dar”, ou melhor dizendo, de “se dar” às ideias, aos amigos, a todos os que com ele colaboram e a todos os que dele precisem.
Não é demais salientar aqui, o papel que ele teve, enquanto responsável por esta área de lecionação na Direção Geral do Ensino Secundário, na promoção das TIC, na legitimação da classe docente nesta área e na qualificação e formação contínua dos professores do recém-criado (na altura) grupo de docência de informática, hoje 550. Lembro, com alguma saudade diga-se, o empenho e o trabalho desenvolvido com os responsáveis da Universidade do Minho para conseguir levar até lá, aos seus laboratórios, ao contacto com os docentes e investigadores de uma universidade das mais prestigiadas, um núcleo significativo de docentes para “espalharem” o seu saber pelas escolas.
Mas a atividade e a responsabilidade do Manuel Almeida, como professor, como interveniente no processo educativo ao mais alto nível e como formador de professores que também é, não parou por aqui, quer no GAVE, onde trabalhou mais tarde, quer no seu Centro de Formação, nunca parou, sendo sempre, como ainda é hoje uma voz ouvida e respeitada junto dos seus pares, dos seus superiores e dos seus alunos. E é importante esta última referência. Os seus alunos, que o tomam como exemplo e por quem sempre tudo dá.
Obviamente que, quando o Professor Ferreira Gomes me convidou para a Casa das Ciências, uma das pessoas que não hesitei em “trazer” comigo foi o professor Manuel Almeida. Era, ainda é, e creio que continuará a ser por muito tempo, uma mais valia inegável que só acrescenta valor a esse projeto. Desde a apresentação da Casa das Ciências na Fundação Calouste Gulbenkian até hoje, (na altura era um indefetível das motos como a imagem documenta…) nunca faltou. Fez parte das Comissões Organizadoras dos Encontros Internacionais da Casa das Ciências desde o primeiro (quem vir as fotografias da altura vê-lo-á na primeira linha) e sempre, mas sempre, disponível para trabalhar, para fazer workshops, para participar desde a tarefa mais simples à mais complexa que lhe fosse pedida. Nunca nada recusou, mesmo quando porventura as ideias eram mais atrevidas ou até aparentemente inconsequentes, desde que ele acreditasse, desde que vislumbrasse que isso iria fazer crescer alguém, ou trazer melhorias ao que se podia fazer na aula, o caminho era sempre em frente e não me recordo de alguma que tivesse corrido menos bem.
Foi com ele que partilhei preocupações, anseios e ideias e foi dessa partilha que nasceram muitas decisões que se transformaram em realidades e que passaram de sonhos a coisas concretas.
Voltando à Casa das Ciências e à sua dedicação a este projeto, o Manuel Almeida foi e é, de facto, um “obreiro” de grande dedicação, pois desde que me lembro nunca faltou com comunicações, oficinas, participação em painéis, moderando debates, tudo o que se lhe pedisse fazia com gosto e com competência. E não só. O que há a realçar era que tudo o que levava a cabo ou decorria de experiências ou necessidades que sente ao nível da sala da aula ou da partilha com os colegas, ou, trocando procedimentos, levava depois para a sala de aula, para o seu Centro de formação para as atividades (mais que muitas) em que participa, tendo sempre como horizonte a inovação, a formação e a preocupação com os alunos. Por isso mesmo diversificou desde sempre a sua própria formação partilhando-a com os outros.
A título de exemplo direi que ao longo das suas participações (para além do processo organizativo onde, e volto a realçá-lo, sempre esteve) nos Encontros da Casa das Ciências houve temas que tratou que estavam sempre na ordem da atualidade:
- Modelos de testagem e questionários on-line (Comunicação)
- Manuais tecnológicos: necessários ou dispensáveis? (Painel)
- eBooks - produção de publicações digitais dinâmicas para todos (Oficina)
- Produção de materiais em som digital com o Audacity (Oficina)
- Programação elementar em Linguagem C para todos (Oficina)
Recordo também o seu empenho e elevado profissionalismo, quando a partir de certa altura lhe comecei a pedir o controlo dos equipamentos digitais necessários às múltiplas tarefas que um encontro que chegou a ter mais 900 pessoas exigia. Percorrer as dezenas de salas e laboratórios de oficinas, conferir todos aos anfiteatros, e ainda “dar a mão” a conferencistas que tinham sempre um problema aqui e outro acolá, era obra. Isso era conseguido com equipas de alunos e o apoio de outro bom amigo e colega. Mas chamo isto à colação para explicar que ao fim de muito pouco tempo o Manel conseguia a atenção e a dedicação daqueles miúdos pondo toda a gente a trabalhar de forma eficaz e coordenada. Ele é assim. Um professor que cativa a sua gente.
A sua preocupação pela divulgação das TIC por todas as áreas disciplinares, como disse, nunca esmoreceu e, a partir de certa altura, a sua intervenção estendeu-se a todos os professores, tentando sempre que, fosse qual fosse a área de ensino, os docentes dessa área tivessem ao seu dispor uma ferramenta digital que se transformasse em algo que poderiam acrescentar ao seu trabalho. Ainda hoje assim é e ainda bem.
Tenho o enorme prazer de o ter tido como companheiro de muitas aventuras, de admirar o seu empenho, o seu saber e a sua enorme vontade de ser útil.
Serve este pequeno arrazoado de palavras para testemunhar o Professor que ele é, e para poder dizer enfaticamente que esta distinção que agora recebe, é mais do que merecida,
Obrigado Manuel Almeida por tudo quanto partilhaste comigo durante estes mais de vinte anos e um grande abraço deste teu amigo,
O Manuel Almeida é um dos melhores, daqueles que encontramos e reencontramos. Tem sempre tempo para estar neste e mais naquele evento. Sabemos que a vida de um professor o mantém permanentemente envolvido na vida da escola e na vida dos seus alunos, muito para além do tempo letivo prescrito. Pois, o Manuel Almeida é um daqueles para quem o dia tem 36 horas. É capaz de se destacar no exercício das suas funções ordinárias, mas sobram ainda 12 horas para ajudar a pensar novas tecnologias, a pensar programas, a pensar o ambiente escolar. E ainda sobra tempo para navegar nos ares e nos mares e, também aqui, de fazê-lo a alto nível.
José Ferreira Gomes
Reitor da Universidade da Maia
Ex-Coordenador da Casa das Ciências
O professor Manuel é um verdadeiro comunicador e motivador. Com estas características as suas aulas são uma experiência envolvente, onde os alunos se sentem à vontade para exprimir as suas ideias e dúvidas. Esta situação cria ambientes de aprendizagens muito positivos contribuindo decisivamente para o sucesso dos seus alunos e para a valorização do ensino da informática.
José Bentes Guerreiro
Diretor do Agrupamento de Escolas de Parede
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