Navegamos por tempos inéditos, onde o digital domina o quotidiano. Redes sociais, inteligência artificial e algoritmos inteligentes moldam a forma como vivemos, comunicamos e tomamos decisões. Neste contexto, o conhecimento científico destaca-se como essencial, não só para enfrentar, mas também para compreender as nuances de uma sociedade repleta de informações controversas, desinformação desenfreada e manipulação de opiniões.

Numa época em que as redes sociais se tornaram palco de campanhas de desinformação, a importância do pensamento crítico e da literacia científica é indiscutível. É imperativo que saibamos distinguir factos de ficção, verdade de manipulação, para podermos tomar decisões informadas e responsáveis. O papel da ciência é, portanto, mais proeminente do que nunca, garantindo que a informação correta prevalece sobre o ruído digital.

A Casa das Ciências tem sido um bastião na promoção do conhecimento científico num contexto humanista. Iniciativas como o encontro anual, realizado em abril passado, subordinado ao tema “Para um Ensino Humanista das Ciências”, sublinham a necessidade de uma educação integrada que contemple tanto o rigor científico como os valores éticos e sociais. Os estudantes devem ser preparados não apenas como futuros profissionais competentes do ponto de vista técnico e científico, mas como seres humanos conscientes das implicações éticas das suas ações num mundo em rápida mudança.

O “Seminário de Filosofia e História das Ciências” não só ilumina a contribuição histórica das descobertas científicas, mas também promove uma discussão sobre o impacto ético e social da ciência no mundo moderno. Estes diálogos são cruciais para formarmos um entendimento holístico dos desafios que emergem das inovações tecnológicas.

Os podcasts “Histórias da Ciência” e “100 anos da Mecânica Quântica” são exemplos de como a ciência pode ser tornada acessível a um público vasto e diversificado. Ao entrelaçar factos científicos com narrativas envolventes, estes conteúdos despertam curiosidade e criam um público mais bem informado, capaz de questionar, explorar e celebrar a ciência.

A responsabilidade de educar a próxima geração de líderes não se limita apenas ao ensino dos princípios científicos.

Num cenário onde a inteligência artificial estimula o apetite pelo consumo descontrolado, educar a sociedade para resistir à manipulação e optar por comportamentos sustentáveis é um desafio incessante. Aqui, o conhecimento científico não somente reforça, mas também ilumina, guiando-nos para escolhas mais responsáveis.

Em síntese, o conhecimento científico e uma abordagem humanista transformam-se em ferramentas essenciais para navegar por um mar de informações em constante evolução. Ao defender a ciência e integrá-la numa visão humanística, podemos não apenas enfrentar os desafios desta era digital, mas também garantir que a sociedade avança de maneira ética, informada e resiliente.

A Casa das Ciências continua a atuar como um pilar essencial nesta missão, inspirando um diálogo contínuo entre a ciência e a humanidade, crucial para a construção de um futuro mais iluminado e consciente.

Para terminar, quero chamar a atenção do leitor para uma nova rúbrica, intitulada “Biografia”, que iniciamos já a partir deste número, alternando com a usual “Imagem de destaque”, onde daremos o merecido destaque a personalidades das várias áreas que, pelos seus contributos científicos e pela sua intervenção cívica, foram e serão sempre uma referência para todos nós.