Penrose é mais conhecido pelas suas contribuições inovadoras à compreensão dos buracos negros e da origem do universo. Colaborou com Stephen Hawking, desenvolvendo o que hoje são conhecidos como os Teoremas de Singularidade de Hawking-Penrose. Estes teoremas demonstram que, sob condições físicas razoáveis, o espaço-tempo deve conter singularidades – zonas onde a curvatura do espaço-tempo se torna infinita. Esta parceria foi fundamental para consolidar a teoria de que os buracos negros e o Big Bang são fenómenos previsíveis pelas leis da relatividade geral de Einstein, embora em limites que desafiam a compreensão convencional. O seu trabalho nesta área foi reconhecido internacionalmente, culminando na atribuição do Prémio Nobel da Física em 2020.

Penrose tem uma ligação profunda com a matemática pura, exemplificada pela sua descoberta dos chamados “ladrilhos de Penrose”. Estes são duas formas que podem ser usadas para cobrir um plano de modo não repetitivo, contribuindo para a geometria não periódica, uma descoberta que tem aplicações em várias áreas, incluindo o design de materiais e a cristalografia.

Um aspeto fascinante do trabalho de Penrose é a sua exploração do enigma da consciência. Juntamente com o anestesiologista Stuart Hameroff, Penrose desenvolveu a teoria da Redução Objetiva Orquestrada (Orch-OR). Esta teoria postula que processos quânticos nos microtúbulos, estruturas minúsculas dentro dos neurónios, podem ser a chave para a consciência humana. Penrose argumenta que a mente não pode ser completamente compreendida através de modelos computacionais tradicionais, sugerindo que fenómenos quânticos desempenham um papel fundamental na experiência consciente.

Quanto à perspetiva de máquinas conscientes e inteligência artificial, Penrose mantém-se cético. Ele acredita que as máquinas, operando puramente com base em algoritmos, não têm a capacidade de replicar a consciência humana, que ele vê como um fenómeno que escapa aos limites do cálculo algorítmico.

Roger Penrose é também um autor prolífico, tendo escrito diversos livros que popularizam e aprofundam as suas ideias sobre o universo, a consciência e a matemática. Entre as suas obras mais conhecidas estão:

The Emperor’s New Mind, publicado em 1989, este livro desafia as ideias tradicionais sobre inteligência artificial, argumentando que a consciência humana não pode ser completamente replicada por máquinas e explorando as ligações entre física, matemática e a mente.

Shadows of the Mind, de 1994, onde Penrose expande as suas ideias sobre a consciência, defendendo que fenómenos quânticos nos microtúbulos podem explicar a experiência subjetiva, levantando questões filosóficas muito profundas sobre a mente e o universo.

The Road to Reality, lançado em 2004, uma obra extensa que oferece uma visão abrangente das leis do universo, da física clássica à moderna, destinada a leitores com conhecimentos avançados ou interessados profundos na ciência.

Estes livros refletem o seu perfil de cientista que gosta de desafiar o status quo, combinando rigor científico com uma escrita que muitas vezes surpreende pelo seu estilo acessível e, por vezes, humor irreverente.

Roger Penrose continua a ser uma figura inspiradora, cuja obra desafia e expande as fronteiras do pensamento científico e filosófico. O seu trabalho interpela constantemente o equilíbrio entre ciência e filosofia, levantando questões profundas sobre a natureza da realidade, da consciência e do universo.