Alguns métodos são mais radicais, como a esterilização feminina ou masculina, e geralmente, irreversíveis. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) um método contracetivo deve ser eficaz e reversível, e atualmente existem muitos métodos disponíveis. A escolha e utilização de qualquer um dos métodos deve ser aconselhada e devidamente acompanhada por um médico.


Métodos que atuam ao nível da gametogénese

Neste grupo incluem-se os contracetivos hormonais utilizados pelas mulheres: os contracetivos orais, os implantes, os injetáveis, os adesivos e o anel vaginal. A forma como estes métodos atuam é através do fornecimento de hormonas ao organismo estabelecendo um feedback negativo no complexo hipotálamo-hipófise, impedindo a ovulação.

  • contraceptivos orais: vulgarmente designados por pílulas, contém hormonas que impedem o desenvolvimento folicular e a ovulação e provocam o espessamento do muco cervical. Assim, não só não se forma o gâmeta feminino, o óvulo, como também é dificultado o acesso dos espermatozoides (gâmetas masculinos) ao útero. Existem dois tipos de pílulas, as combinadas – combinação de estrogénio sintético e progestagénio (semelhante à progesterona) – e as progestativas – apenas com progestaténio. As pílulas são tomadas diariamente podendo ou não haver um período de interrupção (Fig.1). A eficácia deste método é elevada mas a toma irregular (esquecimento de uma ou mais pílulas) ou a toma simultânea com outros medicamentos (por exemplo, alguns antibióticos) pode reduzir a sua eficácia.

Figura 1. Pílula anticonceptiva oral
Figura 1. Pílula anticonceptiva oral

  • adesivos semanais: libertam, tal como os contracetivos orais, hormonas para o organismo. São colocados na pele semanalmente durante três semanas, seguindo-se uma semana de interrupção (Fig.2).

Figura 2. Adesivo contraceptivo
Figura 2. Adesivo contraceptivo

  • implantes: são aplicados sob a pele e podem durar até 5 anos. Ao longo do período de atuação vão libertando progesterona para o sangue.
  • injeções: atuam de forma semelhante aos métodos anteriores sendo compostas por progestagénio. Têm uma periodicidade de toma de três meses.
  • anel vaginal: tal como o nome indica é de uso vaginal sendo implantado na vagina pela mulher, devendo permanecer colocado durante três semanas consecutivas. Este anel flexível está impregnado de estrogénio e progestagénio que se libertam lentamente para a corrente sanguínea.

Métodos que impedem a fecundação

Neste grupo podem-se identificar dois tipos de métodos, os naturais e os de barreira.


Métodos naturais

Nos métodos contracetivos naturais a mulher monitoriza o seu organismo tentando detetar a data da ovulação e através da abstinência sexual durante os dias que correspondem ao seu período fértil, evita a fecundação dos seus óvulos pelos espermatozoides. Estes métodos requerem uma grande auto-disiciplina e um bom conhecimento do seu organismo, e são também de difícil aplicação dada, em parte, a subjetividade sobre a avaliação dos diferentes estádios do ciclo menstrual. É fundamental ter em conta que num ciclo regular de 28 dias, a ovulação ocorre cerca do 14º dia após o início do período menstrual; que o oócito II pode ser fecundado durante 24 horas após a ovulação e que os espermatozoides podem permanecer ativos no corpo da mulher durante três ou quatro dias após a penetração com ejaculação durante o ato sexual.


  • método do ritmo ou do calendário: cálculo do período fértil. É necessário recolher dados ao longo de cerca de vários ciclos. Com uma série temporal de dados referente a 12 ciclos, para se obter os dias em que deve haver abstiníncia sexual total, subtrai-se 18 dias ao mais curto dos doze ciclos e ao mais longo 11 dias. Por exemplo, uma mulher cujo ciclo mais curto é de 25 dias e o mais longo é de 28 dias, temos 25 – 18 = 7 e 28 – 11 = 17, ou seja, o período fértil é entre o 7º e o 17º dia do ciclo, devendo entre esses dias, inclusive, não ter relações sexuais.
  • método da temperatura: a mulher deverá medir a sua temperatura corporal basal (temperatura ao acordar de manhã antes de qualquer esforço) diariamente (Fig.3). A temperatura corporal é ligeiramente mais baixa antes da ovulação e sobe umas décimas após esta. A abstinência sexual deverá ocorrer durante o período de tempo que decorre a menstruação até 48-72 horas após a ovulação.

Figura 3. Variação da temperatura corporal basal durante o ciclo menstrual feminino.
Figura 3. Variação da temperatura corporal basal durante o ciclo menstrual feminino.

  • método da mucosidade ou do muco cervical: através da observação do muco cervical a mulher pode manter relações entre o final da menstruação até ao aparecimento de maior quantidade de muco (e mais elástico) que antecede a ovulação.
  • método sintotérmico: conjuga o método da mucosidade com a temperatura interpretando-os com base nos conhecimentos da mulher sobre o seu ritmo de ciclos mentruais.

Atenção: o método do coito interrompido não deve ser considerado um método contracetivo! O facto de o homem retirar o pénis da vagina antes da ejaculação, não só exige um grande autocontrolo por parte do homem como é também bastante falível uma vez que pode ocorrer saída de espermatozoides da uretra durante a fase de excitação do pénis (antes da ejaculação).


Métodos de barreira

O objetivo destes métodos é evitar que os espermatozoides atinjam o útero e as trompas de Falópio onde poderia ocorrer a fecundação.

  • preservativo masculino: é feito de látex ou de poliuretano e vem, geralmente, já lubrificado (fig.4) . Deve ser colocado no pénis em ereção (antes de haver penetração na vagina) (Fig. 5) e permanecer durante todo o ato sexual. Após a ejaculação deve ser retirado com cuidado e antes que o pénis perca a ereção. MUITO IMPORTANTE: o preservativo masculino é o único método que alem de contracetivo é EFICAZ NA PROTEÇÃO CONTRA DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DST).
Figura 4.
Figura 4.
Figura 5.
Figura 5.

Figuras 4 e 5. Preservativo masculino, e esquema explicativo de colocação do mesmo.


  • preservativo feminino: é semelhante ao masculino mas de maiores dimensões e fica seguro à vagina por um anel (Fig.6). Normalmente, é menos utilizado que o preservativo masculino por ser de mais difícil colocação.

Figura 6. Preservativo feminino.
Figura 6. Preservativo feminino.

  • diafragma: é uma meia esfera de borracha fixa a um aro flexível que se coloca bem fundo na vagina (Fig.7), encaixado no colo do útero, evitando a passagem de espermatozóides para as trompas de Falópio. A sua aplicação deverá ser feita antes do acto sexual e reforçada com o uso de um espermicida, e deverá permanecer até pelo menos 8 horas após a relação sexual.

Figura 7. Diafragma.
Figura 7. Diafragma.

  • espermicidas: em espuma, gel ou óvulos aplicam-se normalmente em complemento de um dos anteriores métodos de barreira, antes do acto sexual. Por si só, não são muito seguros mas em conjunto aumentam a eficácia dos métodos escolhidos.

Métodos que impedem a nidação

Ao contrario dos outros métodos já descritos, o dispositivo intra-uterino (DIU) requer a intervenção de um médico na sua colocação e remoção.


  • dispositivo intrauterino (DIU): pode ser de plástico libertando progesterona (substituição anual) que torna o muco cervical mais espesso bloqueando a passagem de espermatozoides e impedindo o espessamento do endométrio, ou de cobre interferindo na fecundação e impedindo a nidação (implantação do embrião no útero) (Figs. 8 e 9). O DIU provoca uma reação inflamatória no útero que atrai glóbulos brancos que libertam toxinas para os espermatozoides, eliminando-os.

Figura 8.
Figura 8.
Figura 9.
Figura 9.

Figuras 8 e 9. DIU e DIU implantado.


Métodos de esterilização

Estes métodos embora contracetivos distinguem-se dos anteriores dado serem praticamente irreversíveis. Qualquer um deles exige uma intervenção cirúrgica e devem apenas ser feitos em casos especiais e após ponderação.


  • vasectomia: no homem, é feita uma incisão em cada canal deferente de modo a não haver passagem de esperma para a uretra (Fig.10).

Figura 10. Vasectomia
Figura 10. Vasectomia

  • laqueação de trompas: na mulher, fazem-se incisões nas trompas de Falópio para que os oócitos II libertados do ovário não se encontrem com os espermatozoides (Fig.11).

Figura 11. Laqueação de trompas de Falópio
Figura 11. Laqueação de trompas de Falópio

Métodos de emergência

  • pílula do dia seguinte: implica a ingestão via oral de elevadas doses de estrogénio e progesterona impedindo que caso tenha ocorrido a fecundação, o embrião se implante no endométrio uterino.
  • interrupção voluntária da gravidez (IVG): commumente conhecido por aborto, requer intervenção médica para interromper a gravidez.

IMPORTANTE: embora a Lei nº 16/2007 de 17 Abril tenha introduzido a “exclusão de ilicitude nos casos de interrupção voluntária da gravidez (IVG)” até às 10 semanas e a pedido da mulher, não se podem considerar o aborto e a pílula do dia seguinte métodos contracetivos. Qualquer uma das opções deve ser encarada de forma séria, pensada/ponderada e discutida com o parceiro.