Embriogénese de uma Ave
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- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Referência Moreira, C., (2015) Embriogénese de uma Ave, Rev. Ciência Elem., V3(3):159
DOI http://doi.org/10.24927/rce2015.159
Palavras-chave Embriogénese; Ave;
Resumo
As aves, tais como os répteis e os mamíferos, são vertebrados terrestres cujo desenvolvimento embrionário se realiza na totalidade em ambiente terrestre tendo de lidar com problemas como a desidratação e os choques físicos.
Os ovos das aves são telolecíticos, isto é, possuem grande quantidade de deutolécito indiviso e protolécito limitado a uma pequena zona, a cicatrícula.
A fecundação é interna. Após a fecundação o ovo desloca-se ao longo do oviducto da fêmea em direção ao exterior. Durante este percurso é envolvido por uma substância proteica, a albumina (clara do ovo), que por sua vez é envolvida por uma membrana fina e externamente por uma casca porosa de natureza calcária (casca do ovo).
A embriogénese inicia-se ainda antes de o ovo chegar ao exterior e continua pós-postura. A segmentação é meroblástica (parcial) pois ocorre exclusivamente na zona da cicatrícula onde existe o núcleo e o citoplasma ativo. O deutolécito não se divide. A divisão do ovo origina a blástula constituída por um disco de blastómeros separado do deutolécito por uma pequena cavidade – a blástula toma a designação de discoblástula ou blastodisco.
As células da blastoderme organizam-se depois em duas camadas, uma mais superficial – a ectoderme, e uma mais interna – a endoderme. A camada mais superficial constitui uma depressão – linha primitiva – ao longo do futuro eixo antero-posterior do embrião que é equivalente ao blastoporo. A formação da linha primitiva dá início à gastrulação, que continua com movimentos de células superficiais que migram através da linha primitiva para o espaço entre as duas camadas originando uma terceira camada, a mesoderme. A gástrula inicial apresenta três camadas de células distendidas sobre o deutolécito. Estes folhetos sofrem um dobramento até formarem um embrião de secção tubular ligado ao deutolécito por um pedículo.
Os fenómenos de organogénese são semelhantes aos da rã, tendo início com a formação do tubo neural e do notocórdio. Paralelamente os três folhetos embrionários – ectoderme, endoderme e mesoderme – proliferam expandindo-se para fora do embrião e dão origem a estruturas fundamentais para o desenvolvimento embrionário em meio terrestre – os anexos embrionários – que têm carácter transitório sendo eliminadas no nascimento.
Os anexos embrionários são:
- âmnio: anexo que envolve o embrião, constituído por ectoderme e folheto parietal da mesoderme. Delimita a cavidade amniótica preenchida pelo líquido amniótico que rodeia o embrião protegendo-o contra a desidratação e os choques mecânicos.
- saco vitelino: constituído por endoderme e pelo folheto visceral da mesoderme, envolve o deutolécito de que se alimenta o embrião durante o seu desenvolvimento. A rede sanguínea que se desenvolve na sua parede comunica com o embrião, permitindo a absorção de substâncias de reserva. No final da embriogénese o saco vitelino é praticamente esgotado.
- alantoide: tem origem num divertículo da parte superior do intestino do embrião, e é formado por endoderme e folheto visceral da mesoderme. Desenvolve-se envolvendo totalmente a cavidade amniótica e a vesícula vitelínica, ficando em contacto com o córion. O alantoide constitui o repositório de substâncias de excreção, como o ácido úrico, formado pelo embrião.
- córion: é o anexo mais exterior que se ajusta à membrana da casca calcária e envolve todos os outros anexos embrionários. É constituído por ectoderme e pelo folheto parietal da mesoderme. O córion associa-se ao alantoide formando o alantocórion, estrutura extremamente vascularizada que intervém nas trocas gasosas com o exterior, na absorção de albumina da clara e dos sais de cálcio da casca, importantes no desenvolvimento do esqueleto do embrião.
O ovo eclode passado cerca de 21 dias.
Filme
1. Desenvolvimento embrionário da galinha.
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