Em 1999, com a tomada de consciência do seu valor científico e patrimonial, a direção da Escola decidiu criar um museu que pudesse, ao mesmo tempo, ilustrar o desenvolvimento tecnológico de século XIX e o percurso da Escola ao longo dos tempos até aos dias de hoje, onde a componente experimental era um elemento fundamental para a formação dos seus estudantes.

Deste modo, o Museu do ISEP é o espelho do ensino técnico em Portugal, onde o saber-fazer era o lema. A este compete defender, preservar e divulgar o espólio do património museológico do Instituto, proceder à sua inventariação e catalogação, apoiar projetos de extensão cultural e investigação histórica, fomentar a promoção do museu ao exterior e executar outros procedimentos inerentes ao âmbito da sua atividade de âmbito nacional ou internacional.

O acervo é muito consistente, diverso e representativo. Toda a coleção tem uma única origem, em que os instrumentos utilizados nos diferentes gabinetes e laboratórios da época no Instituto Industrial do Porto para lecionar a componente prática e experimental dos cursos, com o enfoque principalmente para as denominadas engenharias clássicas.

Desde a Física, com os seus instrumentos de ótica, eletrostática, hidrodinâmica, calor e acústica, passando pela Eletrotecnia, com os aparelhos de medidas elétricas, telégrafos e motores; a Engenharia de Minas, Mineralogia- Geologia e Metalurgia, com as suas maquetas mineiras, amostras petrográficas-mineralógicas e fornos; a Mecânica, com as máquinas a vapor; a Química, com destaque para as balanças de precisão e diversos equipamentos analíticos de laboratório; os dispositivos de Hidráulica, como as rodas de pás; a Engenharia Civil, onde se destacam maquetas de pontes (Fig. 1) e de outras construções, os modelos de Geometria Descritiva, e ainda os diversos modelos de gesso da Secção de Desenho. Para além deste espólio, o museu dispõe de uma biblioteca, com mais de dois mil títulos, com algumas raridades bibliográficas, como são os casos da famosa enciclopédia de Diderot e d´Alembert, do precioso livro de física de Pieter van Musschenbroeck, de livros de cristalografia e mineralogia de René Haüy e do livro de arquitetura de Leon Battista Alberti. Além disso, existe um extenso arquivo histórico com variadíssima documentação desde a criação da Escola Industrial do Porto em 1852, como por exemplo a correspondência, os termos de posse dos diretores e as atas.

Figura 1. Modelo de ponte de via férrea única, Sala de Civil, Minas e Metalurgia, Museu do ISEP.

Numa visita ao Museu do ISEP, com marcação prévia, é proposto um percurso singular pela história dos equipamentos, da documentação, dos materiais pedagógicos dos séculos XIX e XX utilizados nas aulas experimentais. Além disso, é possível a execução de várias experiências científicas para estudantes do 1º ao 3º ciclo, usando-se materiais simples e de fácil acesso. Pretendemos que seja uma experiência lúdica e principalmente enriquecedora, aprendendo ciência de forma rigorosa mas num tom descontraído (fig. 2), com o objetivo dos mais jovens compreenderem melhor o mundo que os rodeia e a importância da Engenharia no seu dia a dia.

Figura 2. Visitante interagindo com os modelos de transmissão de vapor, Sala de Mecânica, Museu do ISEP.

Todos os anos são apresentadas novas atividades. Assim sendo, sempre que nos visitarem têm a oportunidade de aprender algo novo.

O Museu do ISEP tem tido, nos últimos tempos, um reconhecimento a nível nacional. Prova disso foi a credenciação por parte da Rede Portuguesa de Museus, em agosto de 2015, ficando assim confirmada a qualidade técnica do trabalho museológico, a importância e a relevância internacional da coleção com 164 anos.

Figura 3. Exposição de microscópios.
Figura 4. Modelo de máquina a vapor horizontal com distribuição Sulzer.