Museu do Instituto Superior de Engenharia do Porto
Preservação de uma identidade para o futuro
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- ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto
Referência Costa, P., (2016) Museu do Instituto Superior de Engenharia do Porto, Rev. Ciência Elem., V4(1):004
DOI http://doi.org/10.24927/rce2016.004
Palavras-chave Museu; ISEP; Engenharia; Exposição; Microscópio; Modelo; Ferrovia;
Resumo
Com uma vasta, fascinante e complexa história como estabelecimento de ensino industrial, o atual Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) do Politécnico do Porto, é herdeiro de uma importante coleção de instrumentos e modelos científicos, bem como um espólio assinalável de documentação bibliográfica tecnocientífica e arquivística.
Em 1999, com a tomada de consciência do seu valor científico e patrimonial, a direção da Escola decidiu criar um museu que pudesse, ao mesmo tempo, ilustrar o desenvolvimento tecnológico de século XIX e o percurso da Escola ao longo dos tempos até aos dias de hoje, onde a componente experimental era um elemento fundamental para a formação dos seus estudantes.
Deste modo, o Museu do ISEP é o espelho do ensino técnico em Portugal, onde o saber-fazer era o lema. A este compete defender, preservar e divulgar o espólio do património museológico do Instituto, proceder à sua inventariação e catalogação, apoiar projetos de extensão cultural e investigação histórica, fomentar a promoção do museu ao exterior e executar outros procedimentos inerentes ao âmbito da sua atividade de âmbito nacional ou internacional.
O acervo é muito consistente, diverso e representativo. Toda a coleção tem uma única origem, em que os instrumentos utilizados nos diferentes gabinetes e laboratórios da época no Instituto Industrial do Porto para lecionar a componente prática e experimental dos cursos, com o enfoque principalmente para as denominadas engenharias clássicas.
Desde a Física, com os seus instrumentos de ótica, eletrostática, hidrodinâmica, calor e acústica, passando pela Eletrotecnia, com os aparelhos de medidas elétricas, telégrafos e motores; a Engenharia de Minas, Mineralogia- Geologia e Metalurgia, com as suas maquetas mineiras, amostras petrográficas-mineralógicas e fornos; a Mecânica, com as máquinas a vapor; a Química, com destaque para as balanças de precisão e diversos equipamentos analíticos de laboratório; os dispositivos de Hidráulica, como as rodas de pás; a Engenharia Civil, onde se destacam maquetas de pontes (Fig. 1) e de outras construções, os modelos de Geometria Descritiva, e ainda os diversos modelos de gesso da Secção de Desenho. Para além deste espólio, o museu dispõe de uma biblioteca, com mais de dois mil títulos, com algumas raridades bibliográficas, como são os casos da famosa enciclopédia de Diderot e d´Alembert, do precioso livro de física de Pieter van Musschenbroeck, de livros de cristalografia e mineralogia de René Haüy e do livro de arquitetura de Leon Battista Alberti. Além disso, existe um extenso arquivo histórico com variadíssima documentação desde a criação da Escola Industrial do Porto em 1852, como por exemplo a correspondência, os termos de posse dos diretores e as atas.
Numa visita ao Museu do ISEP, com marcação prévia, é proposto um percurso singular pela história dos equipamentos, da documentação, dos materiais pedagógicos dos séculos XIX e XX utilizados nas aulas experimentais. Além disso, é possível a execução de várias experiências científicas para estudantes do 1º ao 3º ciclo, usando-se materiais simples e de fácil acesso. Pretendemos que seja uma experiência lúdica e principalmente enriquecedora, aprendendo ciência de forma rigorosa mas num tom descontraído (fig. 2), com o objetivo dos mais jovens compreenderem melhor o mundo que os rodeia e a importância da Engenharia no seu dia a dia.
Todos os anos são apresentadas novas atividades. Assim sendo, sempre que nos visitarem têm a oportunidade de aprender algo novo.
O Museu do ISEP tem tido, nos últimos tempos, um reconhecimento a nível nacional. Prova disso foi a credenciação por parte da Rede Portuguesa de Museus, em agosto de 2015, ficando assim confirmada a qualidade técnica do trabalho museológico, a importância e a relevância internacional da coleção com 164 anos.
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