A figura 1 mostra uma circunferência de raio 1, e um polígono regular inscrito com n lados (na figura n=5). sn=AB= comprimento de um lado desse polígono. D bisseta o arco AB e portanto s2n=AD=DB= comprimento de um lado de um polígono regular inscrito com 2n lados.

Figura 1.

Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo ACD, retângulo em C, obtemos


s2n2=AD2=AC2+CD2=AC2+(ODOC)2=(sn2)2+(1OC)2


Uma segunda aplicação do teorema de Pitágoras, desta vez ao triângulo ACO, retângulo em C, dá


OC=OA2AC2=1(sn2)2


Substituindo na primeira equação e fazendo alguns cálculos simples obtemos então (verifique)

s2n=24sn2

o que nos permite calcular s2n à custa de sn.

Figura 2.

Se agora fizermos n=6 (um hexágono regular inscrito), sabemos que s6=1 (figura 2). Aplicando sucessivamente a fórmula anterior, e após alguns cálculos simples, vem que


s12=23s24=22+3s48=22+2+3s96=22+2+2+3


e assim sucessivamente.

O perímetro de um polígono regular de 96 lados, inscrito numa circunferência de raio 1, é pois igual a 96×s96 o que dá uma boa aproximação do perímetro dessa circunferência. Como


π=perímetro deuma circunferênciadiâmetro dessa circunferência


obtemos a seguinte aproximação de π


π4822+2+2+33.1410331071


Arquimedes repetiu o mesmo argumento, agora para uma sequência de polígonos regulares circunscritos de 6, 12, 24, 48 e 96 lados. O leitor poderá deduzir a fórmula seguinte (veja a figura 3 e as notações lá usadas):


S2n=24+Sn24Sn        ()


Figura 3.

Arquimedes começa mais uma vez com um hexágono, mas desta vez circunscrito (como na figura 4). Deduz então que S6=23/3 e, usando a fórmula de recorrência (*), obtém os valores de S12, S24, S48 e, finalmente, S96. Por aproximação, calcula então o perímetro de um polígono regular de 96 lados circunscrito à circunferência de raio 1, igual a 96×S96 e, finalmente, dividindo esse perímetro por 2 (= ao diâmetro da circunferência de raio 1), obtém o valor aproximado de π (por excesso):

π3.14271317

Figura 4.