Este indicador esconde a enorme transformação que ocorreu na vida das nossas escolas secundárias que tiveram de se preparar para receber (quase) todos os jovens agora atingidos pela obrigatoriedade de permanecer na escola até aos 18 anos. Se a percentagem dos jovens que terminam o ensino secundário pela via cientifico-humanística teve neste período um crescimento muito modesto, a grande inovação deu-se na expansão das vias profissionais e vocacionais. O objetivo é ter cerca de 50% dos jovens a seguir as vias profissionalizantes, o que ainda não foi atingido.

Há sinais bastante robustos de que este processo decorreu mantendo-se uma boa qualidade do ensino que até poderá ter melhorado a fazer fé nos indicadores internacionais PISA, TIMSS e PIRLS. A enorme visibilidade dos exames nacionais dá também uma garantia de transparência na preocupação com a qualidade do ensino. Infelizmente, é muito mais difícil avaliar o sucesso do ensino nas vias profissionais e vocacionais.

Terminada esta fase de recuperação do atraso histórico, teremos certamente de dar mais atenção à qualidade do ensino em todas as suas vias. A via cientifico-humanística mantém-se aberta à crítica pelos professores do ensino superior sempre insatisfeitos com a bagagem dos estudantes que ali chegam. Nas vias profissionalizantes, a medida última é dada pelo sucesso dos seus diplomados que optam pela entrada imediata no mundo do trabalho. Aqueles que decidem continuar imediatamente o seu percurso escolar precisarão de um apoio adicional ao estilo das “passerelles” francesas ou dos bridging courses americanos para se juntarem aos colegas que tinham já optado por um percurso educativo mais longo. Um novo desafio para as escolas no apoio ao sucesso dos seus alunos.