Prémios Nobel 2017
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- Departamento de Química e Bioquímica, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto
Referência Gomes, J.A.N.F., (2017) Prémios Nobel 2017, Rev. Ciência Elem., V5(4):048
DOI http://doi.org/10.24927/rce2017.048
Palavras-chave Prémio; Nobel; 2017;
Resumo
Física: Pela deteção de ondas gravitacionais, Rainer Weiss, Barry C. Barish e Kip S. Thorne , norte-americanos, tendo Weiss nascido na Alemanha.
Química: Para a visualização de biomoléculas por microscopia eletrónica a baixas temperaturas, Jacques Dubochet, Joachim Frank e Richard Henderson, suíço, norte-americano e inglês, respetivamente.
As ondas gravitacionais previstas por Einstein em 1916 foram observadas pela primeira vez em 14 de setembro de 2015. Isto foi conseguido num projeto colaborativo de mais de 20 países e com mais de 1000 cientistas. Weiss tinha, em meados da década de 1970, previsto as fontes de ruído de fundo que dificultariam as medições e projetou um detetor que o poderia ultrapassar.
As ondas gravitacionais agora observadas foram criadas na colisão violenta de dois buracos negros que ocorreu há mais de mil milhões de anos. Einstein tinha sugerido a sua existência, mas duvidava de que alguma vez pudessem ser detetadas e até duvidou de que tivessem existência real por poderem ser um puro artifício matemático. Os dois buracos negros em rotação emitiram ondas gravitacionais ao longo de milhões de anos. Aproximaram-se e fundiram-se num único buraco negro emitindo durante as décimas de segundo que durou este processo uma energia equivalente a três massas solares.
Se nos lembrarmos que há 100 anos ainda se ensinava nas universidades a teoria molecular como um modelo de compreensão da Química, é impressionante que estejamos hoje a celebrar a capacidade de ver as moléculas, mesmo as mais complexas como são as proteínas. Em 1915, o prémio Nobel da Física foi entregue a W. H. Bragg pela análise da estrutura cristalina por raios X. A microscopia eletrónica permite uma melhor resolução porque o comprimento de onda associado aos eletrões é muito menor que o da luz visível (no microscópio ótico) ou dos raios X. Hoje aproximamo-nos do objetivo de ver uma molécula única à escala atómica. Este quase milagre consegue-se congelando subitamente a molécula de proteína com as moléculas de água essenciais à sua estrutura terciária e garantindo uma intensidade de radiação eletrónica suficientemente baixa para causar poucos danos. Em contrapartida, recorre-se a um software poderoso para acumular muitas imagens bidimensionais difusas e obter uma imagem tridimensional e boa resolução.
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