Os tensioativos são substâncias que apresentam a capacidade de diminuir a tensão superficial da água, permitindo a dissolução de gorduras e outros compostos com baixa solubilidade em meio aquoso. Este efeito advém da estrutura do tensioativo, o qual é constituído por uma região hidrofílica com elevada afinidade para a água e uma região hidrofóbica que prefere estar em contato com a fase orgânica.

Os detergentes e sabões que utilizamos no nosso dia-a-dia são excelentes exemplos de tensioativos. Durante a utilização destes produtos é frequente observar a formação de espumas, as quais não são mais do que o resultado do encapsulamento de bolhas de ar na água, devido à redução da sua tensão superficial. Mergulhando no seu íntimo através da macrofotografia, que nos permite alcançar detalhes que os nossos olhos não conseguem, é possível visualizar a arquitetura única (no pleno sentido da palavra) e irreverente de uma espuma. A utilização de um filtro polarizador permite atenuar o efeito da luz que é refletida pela superfície das bolhas e alcançar um contraste e cores únicos.


Helena Passos
Universidade de Aveiro



Esta imagem de transparências e geometrias variadas faz-me lembrar Platão, Aristóteles, Fídias, que, na Antiguidade, procuraram tornar a natureza inteligível ligando ciência e a arte. Muito tempo depois, já no século das Luzes, Kant e Goethe voltaram a religar a ciência e a arte, mas agora para pensar a razão e a emoção. Para Kant, na sua Crítica da Faculdade de Julgar (1790), a forma diz respeito quer à qualificação do espaço e do tempo quer à sua génese – a “forma interna”, que ele define como “a concordância de uma multiplicidade com uma certa unidade”. Depois de muito pensar, Kant concluiu que na génese da obra de arte existe um acordo perfeito entre a forma apreendida e as faculdades, razão pela qual ela é indissociável do mundo natural. Foi esta ideia que levou Goethe a dedicar-se, quer ao estudo morfológico das plantas quer ao estudo morfológico da luz, de que resultaram A Metamorfose das Plantas (1790) e o Tratado das Cores (1810), duas obras que, ao cruzarem abertamente objetividade e subjetividade, abriram novas perspetivas para a compreensão da natureza e da arte.


Manuel Valente Alves
Artista plástico e médico