(I)literacia científica.


FIGURA 1. Revista Science & Pseudo-Sciences.

A revista Science & Pseudo-Sciences é uma excelente publicação que tem como objetivo informar os leitores sobre o papel da ciência na sociedade e combater a desinformação científica que circula nas redes sociais, e não só. O último número (www.afis.org/343-janvier-2023) revela as principais conclusões de um estudo do Eurobarómetro, um instrumento de análise que monitoriza a opinião pública europeia relativamente a temáticas de natureza social, económica ou política. O estudo mostra que 45% dos 37103 inquiridos acredita que os antibióticos controlam tanto os vírus como as bactérias e, mais ou menos a mesma percentagem, considera que os vírus foram produzidos em laboratórios governamentais para controlo do crescimento demográfico. Além disso, mais de 40% das pessoas admite que o tratamento para o cancro existe, mas que é escondido pelos governos. Todos sabemos que a opinião pública tem tendência a atribuir todos os males à governação, mas daí a achar que os governos existem basicamente para nos matar é capaz de ser abusivo. Conclusão: apesar de termos uma população cada vez mais informada, e da informação científica estar cada vez mais acessível, uma parte considerável da sociedade europeia continua a acreditar em teorias da conspiração. Mais literacia científica, precisa-se!



Brincar bem.


FIGURA 1. Legos botânicos.

Leg godt, as duas palavras em dinamarquês de que resultou, em 1934, uma designação global que toda a gente conhece — Lego. Ole Kirk Kristiansen, um carpinteiro dinamarquês de Billuna e criador destes pequenos tijolos que fazem a delícia de crianças e adultos, estava certamente longe de imaginar o sucesso que a empresa viria a ter. Gerida atualmente por um neto do fundador, um CEO como se diz agora, a Lego (www.lego.com) é uma das empresas de brinquedos de maior sucesso. As peças atuais foram lançadas em 1958, mas a empresa de brinquedos de madeira tornou-se um sucesso à escala global quando, em 1946, Ole Kristiansen, comprou uma máquina de moldar plástico que lhe permitiu fabricar, em 1949, as famosas peças que se interligam. Recentemente, a Lego lançou uma coleção sobre plantas que faz perder a cabeça a qualquer botânico, estando disponíveis orquídeas, suculentas, girassóis, tulipas, rosas, estrelícias e mesmo um bonsai e um bouquet de flores silvestres. Vantagens – não precisam de água nem de apanhar luz e quando nos aborrecemos podemos sempre desmontá-las e guardá-las na caixa. Se não gosta de flores, as possibilidades são ilimitadas: estádios de futebol, automóveis, a tradicional vespa e uma espetacular máquina de escrever. Obrigado Ole, sem ti o mundo seria menos colorido.



Trigo.


FIGURA 1. Trigo.

Há inúmeras espécies de trigo, mas aquele que é mais cultivado (90% da área total) é a espécie Triticum aestivum, uma espécie alohexaplóide que combina seis genomas (seis grupos de cromossomas), quatro provenientes de um outro trigo (Triticum turgidum) e dois de uma gramínea (Aegilops speltoides). Dados arqueológicos revelaram que os humanos já moíam os grãos de espécies ancestrais de trigo há cerca de 14000 anos, muito antes da sua domesticação no Crescente Fértil, há 10000 anos. O sucesso do trigo resulta das propriedades da sua farinha para a produção de pão, muito superior à de outros cereais como o centeio ou a cevada. O trigo duro, uma espécie tetraplóide, é menos cultivado (5%) e especialmente apreciado para a produção de pasta. Juntamente com o milho e o arroz, o trigo é uma das espécies que sustenta a alimentação humana, mas o seu valor de mercado é superior ao dos outros dois cereais. Sendo assim, não admira que a produção de trigo tenha assumido, ao longo de milhares de anos, uma importância geoestratégica determinante. No livro As Guerras do Trigo, Scott R. Nelson, professor na Universidade da Geórgia (EUA) relata como este cereal foi motivo de guerras e revoluções. Numa altura em que a Guerra da Ucrânia afeta a segurança alimentar global, este livro é uma excelente obra para nos relembrarmos que o nosso bem estar está intimamente ligado à agricultura.