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Montanha do Pico

A Montanha do Pico é o ponto mais alto de Portugal (2350 metros), o mais jovem e maior vulcão poligenético dos Açores, elevando-se 3500 metros acima dos fundos marinhos, e o terceiro maior vulcão do Atlântico Norte. A uma cota de 2250 m, existe uma cratera de colapso (pit crater), com diâmetro médio de 550 metros e contorno circular. O fundo da cratera está totalmente preenchido por derrames pahoehoe emitidos do cone lávico do Piquinho. No topo deste cone e nas suas vertentes e flanco leste da Montanha existem fumarolas. Os flancos norte e leste foram afetados por desabamentos que originaram volumosos depósitos de vertente.

Na casa da Montanha existem informações que permitem compreender e interpretar a majestosa Montanha, tornando a subida ao topo do vulcão uma experiência inesquecível!

Figura 1. Montanha do Pico (Foto de SIARAM/Paulo Henrique Silva).

Caldeira e Furna do Enxofre

A Caldeira da Graciosa, com um diâmetro máximo de 1,6 km, está implantada no topo do mais pequeno estratovulcão dos Açores, que ocupa o sector sudeste da ilha Graciosa. No seu interior existem dois pequenos cones hidromagmáticos e uma zona pantanosa. O flanco sudoeste do vulcão exibe dois domos traquíticos e uma espessa escoada traquítica (coulée) que se desenvolve encosta abaixo.

No subsolo desenvolve-se a Furna do Enxofre, uma cavidade vulcânica ímpar de teto em abóbada perfeita com 194 metros de comprimento e 40 metros de altura na parte central. A sua génese está associada à formação de um lago de lava no interior da caldeira que transbordou para noroeste, tendo originado outras grutas como é o caso da Furna da Maria Encantada. Uma lagoa de água fria e um campo fumarólico, com emissões de dióxido de carbono e uma fumarola de lama ocupam o interior da cavidade.

O Centro de Visitantes da Furna do Enxofre dá acesso ao interior da Terra.

Figura 2. Furna do Enxofre (Foto de SIARAM/Paulo Henrique Silva).

Vulcão dos Capelinhos e Costado da Nau

O vulcão dos Capelinhos é o mais recente e ocidental dos vulcões que formam a Península do Capelo, na ilha do Faial. A sua erupção teve início no mar a 27 de setembro de 1957, esta primeira fase de atividade foi caracterizada por grandes explosões e emissão de jatos de cinzas e colunas de vapor de água e gases vulcânicos, alternando com períodos mais calmos. Em novembro o vulcão ligou-se ao Faial e em maio de 1958 a erupção passou a terrestre, com a formação de um cone de escórias e a emissão de escoadas lávicas basálticas. Esta erupção vulcânica terminou a 24 de outubro de 1958. Para além da observação da arriba fóssil do Costado da Nau e a subida ao antigo farol, o visitante pode descobrir a história da erupção e do vulcanismo dos Açores no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, enterrado nas cinzas de 1957/58.

Figura 3. Vulcão dos Capelinhos (Foto de SIARAM/Paulo Henrique Silva).

Algar do Carvão

O Algar do Carvão situa-se na zona central da ilha Terceira e corresponde a uma chaminé vulcânica com 80 metros de profundidade. O teto e paredes desabaram em alguns locais, enquanto noutros estão revestidos de vidro vulcânico (obsidiana). A água das chuvas que se infiltra alimenta um lago de águas límpidas no seu interior e origina estalactites e estalagmites de opala, que chegam a atingir cerca de 1 metro de comprimento e 40 a 50 cm de diâmetro, as mais belas e raras existentes em cavidades vulcânicas no Mundo. O povoamento vegetal que recobre o cone, a cratera e a parte superior da antiga conduta vulcânica inclui espécies endémicas dos Açores. Também estão presentes espécies de animais invertebrados, com realce para uma aranha cavernícola endémica.

A casa de visitantes que dá acesso ao Algar do Carvão apresenta um espaço expositivo com rochas e modelos vulcânicos. Este geossítio está no Top 10 mundial de cavidades vulcânicas em termos de depósitos minerais, nomeadamente espeleotemas de sílica.

Figura 4. Algar do Carvão (Foto de Jorge Góis – GESPEA).

Caldeira do Vulcão das Furnas

O Vulcão das Furnas destaca-se por ser um laboratório de vulcanologia e pelo seu importante sistema hidrogeológico e hidrotermal, sendo uma das maiores hidrópoles do Mundo. Grande edifício vulcânico poligenético silicioso, no topo do qual se desenvolve um complexo de caldeiras de colapso, sendo a mais externa (e antiga) de forma elíptica, com diâmetro máximo de 8 km. No interior desta depressão localizam-se diversos vulcões monogenéticos traquíticos, como é o caso do domo do Pico do Gaspar e respetivo anel pomítico da Lagoa Seca e do domo e anel pomítico da Cova da Burra, ambos associados a erupções históricas no interior da caldeira (em meados do século XV e em 1630, respetivamente). O Miradouro do Pico do Ferro está implantado num domo traquítico cortado pelo arco da caldeira recente e integra um alinhamento tectónico de orientação leste-oeste de vários domos. Deste miradouro vislumbra-se toda a caldeira, a Lagoa das Furnas e os campos fumarólicos junto à lagoa e ao povoado das Furnas.

Figura 5. Caldeira do vulcão das Furnas.

Nas Furnas, pode-se degustar o famoso “Cozido das Furnas” e bolos lêvedos, provar diversos tipos de águas minerais e gaso-carbónicas e tomar banho em nascentes, poças e piscinas de águas termais, cujas águas apresentam reconhecidas propriedades terapêuticas.


Dorsal Atlântica e campos hidrotermais

Este é o mais extenso vale de rifte do Mundo, com cerca de 16 000 km de extensão. É uma zona sísmica e vulcanicamente ativa e está associada à formação do Oceano Atlântico.

Figura 6. Dorsal Atlântica e campos hidrotermais (© Missao Seahma, 2002, FCT/PDCTM 1999/MAR/15281)

Nos Açores, esta cadeia montanhosa submarina está implantada entre os grupos ocidental e central (115 km para oeste dos Capelinhos), entre os 840 e os 3000 metros de profundidade, e tem uma taxa média de expansão de 2 cm por ano. Sensivelmente perpendiculares à dorsal existem falhas e fraturas por onde ascenderam magmas que formaram as ilhas dos Açores.

Associadas a esta dorsal existem algumas zonas hidrotermais de grande profundidade como o Lucky Strike ou o Menez Gwen.


Notas finais

Desde o povoamento do arquipélago, no século XV, a riqueza natural e paisagística dos Açores constitui uma importante fonte de interesse, que atrai numerosos estudiosos, visitantes e turistas. Assistindo-se, nas últimas décadas do século XX, um incremento nas preocupações de salvaguarda e valorização do património geológico açoriano, com reflexo na legislação, na implementação de medidas de geoconservação e, desde 2010, com a implementação do Geoparque Açores.

Assim, o Geoparque Açores desempenha um papel fundamental na divulgação e fomentação do conhecimento da geodiversidade e particularidades do património da Região, envolvendo a população local no reconhecimento e proteção do nosso território.